terça-feira, outubro 28, 2008

O desmembramento.

Ela mostrou-se imponente e relutante em querer o que adiante se via querer mais.
Não havia uma frase ou uma casa que juntasse aquela asa ao demais.
Não me faço. Não me vejo na montanha, atrás daquela jovem estranha
que se prende no olhar.
Outra vida se desfez numa vontade, perdida com o peso da idade
de querer tão só crescer.

Esta rima do casal, que tanto se torna habitual,
que se desliga do princípio e se pára no não ser.
E confundir não é mais que querer viver
andar à procura de querer ter
porque no que sente não mais se vai.

Retrata e canta o espaço da manta que mais um dia se viu
vem agora, tão devagar, passa a ser o espaço de se dar e de voltar ao que se riu.

Mostra, faz a tua emenda
todos temos esta comenda
e sabemos onde vai acabar.

terça-feira, outubro 07, 2008

Grave.

Talvez precise de um psiquiatra.
Talvez precise de dias a fio a idolatrar o meu corpo.
Talvez precise de horas ao espelho a pensar no que sou.
Talvez precise de ti.
Talvez precise de mim.
Talvez me digam o que está mal comigo.
Talvez eu aceite o que está mál comigo.
Talvez venham dias e dias sem parar e amar.
Talvez seja a crise.
Talvez outro dia eu escreva com mais orgulho.
Talvez outro dia me desmonte com mais facilidade.
Talvez outro dia faça sorrir.
Talvez outro dia me desfaça a rir.
Talvez seja o dia de mudar.
Talvez seja a hora de querer ficar.

Não me vou porque quero o que sou na vontade de querer
e vontade de dizer que não são assim as coisas
sem vírgulas e sem desejos que se querem agora
e amanhã e depois
e as justificações de se mudar
e as considerações do querer mais
quero quero quero quero quero quero
o quê?
de quê?

Não há gravidade nenhuma numa situação grave
é tudo uma questão de interpretação, manipulável.