terça-feira, abril 02, 2013

De sobremaneira.

Quero que tu te fodas, a sério, que tu te fodas.
Simples como é dizer aquilo que se quer dizer
que se quer fazer ver e dizer:
Quero que tu te fodas.

Um palavrão ou dois sempre libertam alguma tensão
mas articular o que realmente é verdade custa nos dedos
como quando está frio, muito frio.

O que quero é o que na verdade se desmonta
e se se desmonta não há outra forma de ser justo
que te fodas.
Não se caminha só, sozinho, dependente, inocente
Não se caminha para o abismo sem uma reflexão
profunda, dolorosa e consciente
Não se pára nunca à determinação
não se determina a dor da emoção.

Os meus dotes são os meus dotes
os meus potes são os teus gracejos inocentes
porque quero que tu te fodas
à parte, como quem brinca.

Iluminando:

'que tu te fodas' é uma expressão que determina o que não queres, o que não gostas,
que não me chateies, talvez que te magoes só um pouco com a insipiência de não querer saber
de não parecer entender que nós, todos, aqui, nos encontramos ligados uns aos outros
com simples necessidade de cuidarmos uns dos outros, de nos suportarmos uns aos outros
de nos ajudarmos a crescer como seres que não se deixam ficar sós.
'quero que tu te fodas' determina que há um momento em que a atenção se concentrou algures no centro da tua barriga, para dentro. Nós de dentro para fora só determinamos aquilo que sabemos comunicar e se o problema é não saber comunicar também posso sempre tentar compreender. Ainda assim não mudo a afirmação.

 Se não há necessidade de comunicar então que se exile e se eremite quem por si se quer viver, aprender para si. É bonito enriquecer a cabeça e o espírito mas ser sem querer e foder sem querer
não é mais que definhar, sem tentar. Não se entende que o mundo assim seja, a definhar, mas compreende-se rapidamente que querer saber de quem não quer saber se torna um desafio demasiado alto.

Tu não consegues nada sozinho. Podes até achar que sim. Podes até provar que sim, mas no fim tu não consegues nada sozinho.