segunda-feira, agosto 29, 2011

Num ápice.

Há uma rapidez estranha no que se nos move
e depressa nos perde para as entranhas,
um movimento simples de emoção
que se desenha perto do peito e dos ossos,
permite verdade e deixa desejo
faz-se motivo a mais no que é certo
e depois tudo deserto.
Não há estrada que dure mais do que é suposto.
Abandono o posto.

terça-feira, agosto 23, 2011

"Céu cinzento.

Corro para apanhar o vento.
Flutuar no tempo,
subir até às nuvens
e sentir a trovoada em mim.

Não devia ser assim.

A chuva pesa,
caio.
E sou cimento.

Quero ser cinzento-côr
sem dôr
Que se foda o amor

Já conheço a lenga lenga de cor."

sexta-feira, agosto 12, 2011

Dia.

De dia mas com luzes apagadas
a deixar que tudo seja parte.
A parte, há parte, não se quer não a deixo
não te escrevo nem me deixo
não te uso nem me aleijo
seguro.
Passaram apólice muito cedo
parti a boca com o meu medo
e fiz-me dois.
Em terceiro cedo cheguei
depois do trejeito não fui eu que me dei.
O que acontece dentro de mim é a noite
e de dia mantemos os passos.
Queremos mais que feitos oitos
mentimos sempre que ficamos escassos.

sábado, agosto 06, 2011

Amor ligado às máquinas.

É por amor ou por vontade?
Pedaços pequenos de humanidade
envoltos em pertenças duma cidade
dentro de todos.

Ficamos presos a outra ideia,
que o que nos dá prazer nos remedeia
o sentido de ter um outro
no motivo de querer um outro

E esta cidade que prende
o amor que a todos rende
desapaixona qualquer um

e se na certeza de uma outra noite
vires o que é teu de açoite
perde-se o fino de mim

eu que sou uma outra entranha
preso espaço, presa tamanha
não fui eu que o vivi

por isso liga o amor às máquinas
prende-o na eternidade
desfaz o fim de verdade
ou o pouco que resta de ti

a levar porrada é mais duro
o que prende cá fica contra o muro
e para que amor se dê agora
ou perdes tudo ou vais-te embora.