terça-feira, junho 28, 2011

Isto é...

Acerca de nada, que isto é.
Acerca de que é que nos podemos cercar?
Acerca de nada, isto é.
Uma vírgula e um passo,
um padeço retiro de um pequeno maço,
em rima.
E se sair de cima?
Perderam-se as luzes porque eu só sinto dor.
O que sinto é talvez a dor de poder
e não poder tentar o que é algures uma dor.
Não há como parar de pensar
o mundo a deslocar-se devagar
e tudo à volta estranho, a parar.
Talvez um estupefaciente qualquer
a dor perdida de uma mulher
a parar, a fazer parar e calar, devagar.

Não há uma frase, um deslize, um descase.
Escolher e decidir, sem olhar para trás
é como esquecer e partir
o terrível acto de abandonar.
Morrer, calar, talvez tudo junto a tenir
e o que se espera do mundo
é que nos deixe sóbrios, a rir?
Ébrios? Bêbados? Talvez a passar o de vir
e a gritar o polir
e a amar o de ir
com si, sem mim e a gostar de sorrir
preso enlace
começo de espaço
braço e embaraço
e outra vez a rir
no clássico fulgor
de partir
e vir
e ir
para lá
de cá
amanhã
e hoje
querer
um molde
e que me deêm folga
para amar
agora
e hoje
poder
sem pejo
amar e dar
falar arcar
dois
um
zero.

quinta-feira, junho 23, 2011

Graves, os dias.

Um após o outro.

O sol está cada vez melhor,
nem o vejo
e à noite, na parte melhor de ti
revejo-me.

Se existe, no fundo de um copo, uma verdade
é tua, porque no fundo do que sinto é dois.
E um que vem e vai e outra que faz para lá
e todas que passam frias
quentes, juntas, despidas e vazias
a todas se quer, a todas se dá
e se me gritam uma parte de lá
que se fodam, vou para onde quer que ela vá
atrás, ao cheiro, perdido no bonito do desejo
nem que acabe depois de uma hora
que se feche tudo e ela se vá embora
vou, ao cheiro, perdido no realejo
do que as músicas contam e cantam e nos dão de melhor
hoje do bom, ontem de tudo, amanhã de nada.

sábado, junho 18, 2011

À volta, é mais à volta.

E é. É mais à volta que dói.
No núcleo continua tudo virgem
por desflorar.
Talvez um toque, ou um vislumbre,
mas é como os artigos de expositor.
Se calhar já desvalorizou,
talvez esteja como aqueles artigos com defeito
talvez vá para trás.
talvez nada.

É mais à volta,
à volta do que dói
que se fica para se perceber
e nunca se entende nada
quando dou por ela já acabou.
Não adianta perder tempo
não adianta conceber a espera em pilares de guerra
não interessa nem importa.
Qualquer etiqueta há-de servir
e mais tarde ou mais cedo ficas só ali
para ser, comer e acabar
por deixar de mudar
e querer andar só mais um dia
atrás do outro.
Deixa de importar que se fiquem ou que se vão
que te tirem ou te toquem na mão.
Pouco importa.
O amor acaba, tal como todos nós.

domingo, junho 12, 2011

Gosto-te.

Gosto-te mais na cama, inatingível
deitada, nua, na cama, destemida.
Gosto-te mais quando não tenho
não quero e não vejo
e se é parte do desejo, voltar ao mundo
o retrato do segredo desfaz-se de futuro.
É batido de começo, simples endereço
para saber de onde vens, onde estás
quantos tens
o que importa vai para lá,
esquece-se a parte mais importante de si
e recomeça-se noutro tom. Talvez em mim.

As sombras segue-me para sempre
o sol que brilha já só me mente
à noite é escuro e o que tens é teu
migrar para longe é coisa de plebeu

Mais a mais, não quero fazer
mais a mais, não quero ter
o que é mais, a mais é só foder.

sábado, junho 11, 2011

Para pára.

E o tempo que levamos a pensar no que vai dar
e depois no que nos perdemos para dar tudo
tão devagar
e gerir e parar e começar a pensar
quando se vai andar
e depois no ar a verdade de tudo a perder
e somos o querer
não no que queremos ser
e dar e perder e correr e depois logo morrer
e renascer e recomeçar e andar e parar
tudo para pensar mais depressa ou mais devagar
no recanto do que se diz teu
e depois que afinal é meu
dares-te todas as horas
e acabar logo depois, sem demora.
Tudo acaba.
Mas recomeça e retrata de novo
o que não é mau e bom, na verdade
novo fôlego na saudade
nova distracção de qualquer coisa que arde
mas não dói nada e só dói tudo
no quer que não quer a vontade de ser.

Há doenças piores, não há?

Para pára para pára que é para parar.
Já disse o que era e dizer não é nada
já fiz o que era e fazer não é nada
a merda do que mói, dentro do corpo
e o calor que se sente, por dentro do corpo
e já disse o que queria e não quero falar
não digo mais nada e não me vou alongar.

O corpo é um espaço, o corpo é um espaço
o corpo é um espaço, o corpo é só espaço.

quarta-feira, junho 08, 2011

Não, é sinal de negação.

Não me acredito em nada
em nada do que dizem
o que se faz na estrada
caminho dos poucos que ousem

recobro é de todos
e de todos a lembrança
pego-me à porrada com iodos
porque na praia não resta esperança

um final que termina
e onde começa o final
tudo começa e acaba
são prendas e firmes passos
até ao recomeço do mal.

Não não e não. É sinal de negação
peço, páro porque não dou
vou e quero o que não sou.

segunda-feira, junho 06, 2011

Esperar, é.

O que se espera de quando não se espera?
Espera-se que não se espere
desesperar o que se espera
porque na verdade não se espera
esperar nada.
Brincar às palavras
aos sentimentos mais esperados
pintar coisas vagas
e não colher resultados.
É o que se espera de dar
não esperar.
Depois do ar há sempre alguma coisa para nos parar
e deixar de voltar ao que há, no precisar.

É simples:
ninguém precisa de nada
e precisar tudo é não precisar nada.
Desta brincadeira
jogo fácil, como jenga de madeira
mudamos as bagagens e sonhamos a noite inteira.

O que se espera para esperar?
Deixar que o mundo mude devagar
e ele não muda.
A parte de lá, que fica surda
no mudo de escrever
na fala de não ter
o que esperar.

domingo, junho 05, 2011

O tempo demais que se ocupa faz perder o sol de vista.

Mesmo num dia lindo, podemos ficar, inertes, à espera que melhore.
Não se diz nada. No silêncio fica-se melhor que calado.
Janelas sem cortinas podem ser o ideal
ficar deitado no chão, à espera de ti,
nem que seja até ao natal.
Não sei o que é mais, o que me ocupa num senso
amanhã de certeza que passa
e de ti, já nem me lembro.

O sol gosta mais de mudar
e o bem que faz pode sempre acabar.
não se prende ninguém com o que se quer para nós
dá-se mais do que o que se tem quando só se ouve uma voz.

sábado, junho 04, 2011

Não sabes?

Ela um dia quer saber
no outro já diz como se não dissesse nada.
Que mais dá que esteja grosso
ou que o que se faça seja uma entrada
retorno vindo da letra lestre
e o que me disse foi apenas piada
não interessa se és correcto ou parte
o que interessa é que sejas nada.

Ela não quer um rosto certo
apenas um dia, um entretém de fada
não te faças peso no rasto
sê um acto de modo raro
se nas palavras te fizeres regalo
logo te liga ou te quer em casa
como és tu no meio do falo
ela não quer
nem se faz rogada.

Senta-se ao teu lado
acende-te o que queres
levanta-se e vai
perto do que esperas
deixa o que foste
ficas para querer
ela não te quer
nem a correr.

quinta-feira, junho 02, 2011

Que estorvo.

É que qualquer coisa serve
qualquer coisa dá
qualquer coisa se pede
e o que há, não há.

Vejo os ecrãs e as pessoas
o sentidos das pessoas - que mudaram.
Vejo-os, ouço-os,
sei de tão pouco que tanto me estorva
e é só aquilo que incomoda
que mudamos.

Simplismo deteriorado
quem quer ficar só ou tão somente parado?
Como vai e vem a vida
se ela pára, à descabida
e dos que querem ser por crer
são impelidos a recorrer.

Não, sim e em quê?

Sai comigo
vamos ver a rua
deixamos os telefones
talvez possas fitar comigo a verdade,
crua
e não precisamos de ser
o que é tão simples saber
podemos comer o mundo e ficar,
só um segundo.