segunda-feira, novembro 15, 2010

A verdade.

A verdade distrai.
Não me digas que nunca o sentiste?
A verdade estorva e contrai mais doenças que eu próprio.
Dizer o quanto é barulho,
nas estradas de gravilha molhada
é querer um pouco mais
se pensas que a verdade vem engelhada.

Sim, podes dizer que sim
mas a verdade dói mais que isso
custa mais que isso,
mais do que aquilo que pensas que mais te custaria fazer
porque na verdade pervalece
e não abandona mais, aloja-se num recanto
e não nos larga mais.

A verdade é a verdade e na verdade somos mentira.

sexta-feira, novembro 12, 2010

É bom.

Saber que a amas
não pensar sequer no que pensas
enquanto a amas
e deixar que amor seja um.
É bom saber.

É bom saber que não te despes
que só tiras parte da roupa
para não te expores.
É importante que o faças.
Não tires tudo
deixa ficar alguma coisa.
Dar tudo é sacrilégio.

É bom saber que me venho
pelo menos até à última
se calhar com esforço
talvez não,
está bem,
não quero mentir,
nem saber da verdade
para nada.

É bom saber que pouco sei, na verdade
isso é simplesmente bom.
Enquanto a televisão funcionar e o rádio tocar
estou bem, sentado, deitado de barriga para cima
a pensar no que já tive, no que já fui,
nunca no que vou ter,
só o passado a moer.
E o amor? Perguntas pelo amor?
Ele também veio?
Ficou cá? Esteve cá?
Mas eu sonhei com isso?

É bom não saber onde estás.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Não me faço troça.

Não jogo ao que se pede.
Não é meu o jogo portanto, pede.
Há uma e outra frase que se repetem,
às voltas.
Não te deixes enganar.
Não, não e não, de negação.

Pintei dois traços e um risco
fui dizer que não e digo-o:
não.

O que é, é o que é.

Uma história só pode ter um final.

segunda-feira, novembro 01, 2010

É de quem?

A vontade que me veio, é de quem?

Somos um que vagueia por demais. Não nos damos.
Pertencemos à classe que se diz o que são os tais. Não nos damos.
E a vontade é de quem?
Paramos, escassos, nos passeios,
fintamos devaneios e recorremos ao jornais. Não nos damos.
Deitamos fora a esperança, dizemo-nos fãs da mudança
e fechamos os olhos aos pais. Não nos damos.
E a vontade é para quem?

E a mentira?
É de quem?