sábado, dezembro 30, 2006

Guturais de lembranças doentes.

A minha voz já não é o que era
os ouvidos não ouvem como outrora
talvez seja fruto deste desgaste momentâneo de passagens que programamos.
A vida tem um travo amargo de quando em vez
faz-se fácil depois difícil depois corta-nos tudo que uma vez julgamos ter,
logo de seguida dá-nos tudo de novo.
Espaços e mais espaços, relembramos a toda a hora para nos mexermos
para falarmos, para entendermos essas lembranças.
Sem a memória não conseguiamos fazer nada não é verdade?

Espaço espaço espaço, tenho qualquer coisa no estômago
entra-me forte passa fraco e quero tudo como quem não quer nada
quero ver só mais outro sorriso de me lembrar duas vezes.
Não me quero lembrar.
Olha a obtusidade, não?
Nunca gostei de matemática, talvez só de informática
em questões práticas de telemática.
Cinética, movimento, deu-me para as ciências hoje, não são mais que poesia, doentia, poesia.

Sou, agora vou.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Passagem debaixo do circuito.

Gosto de pensar que estamos num circuito definido e tenho medo
tenho medo que seja mesmo verdade
que existam estes circuitos destinados
de viver preso em junções presas e desligadas
de tudo e mais alguma coisa que sempre fará sentido.

O gajo falou, parou mesmo ao meu lado e falou:
"sabes o caminho para o s. joão de deus?"
acho que me queria roubar
não sei porque não o fez
eu vi tudo, montei o destino invariavelmente naquele cenário
as personagens tinham força,
a situação um motivo
tudo estava perfeito
a equipa de filmagem foi-se
os actores tiveram brancas e não sabiam o argumento
acho que foi por isso que o destino se desviou.

É, anda-me a perturbar esta coisa do que está ou não marcado
anda-me a perturbar a telenovela
é, mal geral, país geral.
E dizer mal uns dos outros?
e renovar votos de tudo?
e acreditar na vida?
e acreditar?
e acreditar?

Sou áspero e incisivo.

Uma das pessoas mais poéticas que algum dia vi disse,
por entre o que balbuciava por estar completamente ébrio:

"Deixem-nos fumar, deixem-nos beber, nós só queremos ser felizes"

sábado, dezembro 16, 2006

As cartas que perderam.

Tomei uma posição, hoje vou deixar de falar para falar mais. As coisas que deixei à porta, as coisas que deixei lá, deixei. Hoje vou deixar de falar. Amo-te, quero-te, sou, és. Hoje vou deixar de falar. Vou deixar de ter jeito para dizer as coisas certas, vou deixar sair as vozes que estão sempre a falar dentro da minha cabeça. Hoje vou deixar de falar. Tópicos permanentes de lembranças que fluentemente falam entre si. As noites em que não se dorme só por falar e as outras que se fica acordado por não falar. Vou deixar de falar.

Irónico é que tudo que quero dizer mo permite quando falo. Tudo que quero dizer me permite quando falo. E cala-te.

Eu deixei ficar, lá atrás, tudo. Não importa, deixei e trouxe na mesma tudo comigo.
Mas hoje vou deixar de falar porque te quero escrever.
Veja-se, lá vem lá vem.

sábado, dezembro 09, 2006

Vagueando pelas estradas que se descobrem.

Os dias passaram e passam e continuam a passar
a vida deixa-se dizer-nos que nos dói e que se fica por cá até se querer
as condicionantes são evidentes,
pressionar e pressionar não serve só para inteagir ao interface
existe mais.
Existe uma profundidade qualquer em ver e destroçar cada parte de nós
existe uma profundidade qualquer em intruir a cabeça com mais do que não se tem.
E eles?
Eles que aqui andam connosco e que também pensam?
E eles que aqui ficam e nos acodem e nos dão tudo aquilo que precisamos?
Somos aquilo que somos por causa deles?
Eles são aquilo que são por nossa causa?
É talvez a maior maravilha do mundo o ser humano
aquele que destrói no desespero de não saber o que fazer
aquele que mata e compõe na ambiguidade de se ver maior e melhor
os sentimentos maus?
Quais? Quem disse que eram maus? Quem os classifica?
É uma ligação de factos obscuros aquelas coisas negativas que se pintam.
As pessoas, sim as pessoas, podemos um dia acreditar nas pessoas
acreditando em contratos que nos dão certezas.
Foda-se, contratos.

A sociedade corrompeu a pureza da mais pura beleza mas deu-nos a capacidade de sermos piores e melhores.
resolva-se esta questão, faça-se as regras de não haver regras e pense-se neste contransenso.
Acreditas em Deus? Ou em alguma religião?
É simples, é a forma mais simples.
Que debate temos nós interiormente quando nos sentimos vazios?
Quando a pessoa onde centramos tudo aquilo que queríamos se vai
por nós, por ela, se vai para não doer mais, para que não haja uma qualquer regra que nos impeça de ser
ir ir para além, para lá de tudo
ir calcar a nossa cabeça e viajar dentro dos nossos mais íntimos e desligados pensamentos
cada pecinha desligada e permitida a saltar.

NAO!

É UMA ESTUPIDEZ, REBENTAR! NÃO QUERO ESTOUROS DE ILUSÕES OPTIMIZADAS A UM QUALQUER PROCESSADOR!

Deixo-me à relutância, porque ver e sentir é como correr por entre coisas que não se sentem e entender-se que fomos amados e odiados em alguma altura, sentir que magoamos e fomos magoados em alguma altura, quando o coração dispara e pensamos que devemos recorrer à alterações dos sentidos. Podia escrever para atenuar a dor ou aumentar o prazer mas digo para me expôr ao que quero dizer. Vou-me foder.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Traços de ligação.

É de lembranças? de esperanças?
Viver obcecado por tudo e mais alguma coisa que já foi.
Sempre sempre são as concepções do geral
não gosto das frases feitas
mas a verdade é que não ficam nada mal.

Ora, recapitulando.
Nervos, à flôr da pele
lembranças
coração...
O campo magnético detectado é maior.
Não, é, perceber.
Fiquei farto rápido de tudo e mais
e quando é que sais?
Podíamos ir beber um copo.

Hoje fiquei bêbado, amanha digo o que quiser
e quantas coisas vou saber?
Quantas mais?
Não importa desde que vá e viva e sinta e chega.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Agora eu.

Agora eu, vês? Agora eu.
Depois eu, vês? Depois eu.
E agora eu, vês? Agora eu.

Vi um livro, sim, vi, não o li,
tinha duas páginas em que só se lia:
"quero morrer".
Achei bom.
Fez-me lembrar o ser humano e aquilo que ele pensa.
Quem quero eu enganar?
Fez-me lembrar nada!
Fez-me preguntar a mim mesmo,
"porque quererá ele morrer, vou ter que ler o livro para saber"

Gosto da sobriedade das pessoas
dos conselhos e das coisas que julgam saber
mais do que o que sabem realmente e
não sabem nada
gosto de tudo de tudo e não gosto de nada
penso em tudo tudo e não penso em nada
e estou a voltar a esta especulação absurda
porque cansa muito ser tudo para depois não ser nada
cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa cansa.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Ja foi do principio, quando sera do fim?

É engraçada a forma como lidamos com tudo,
mais engraçada ainda a forma como todos lidam com cada coisa.
Entenda-se: lidamos com coisas, todos com cada coisa.
Baralhe-lhe: já chega.
É um saturação inocente a dos ataques de qualquer coisa,
não saber onde ir mas ir na mesma
e parar a toda a hora.
Bom, divergências das contradições ou dos paradoxos,
facto adquiridos.
Falas que dizem para nos ignorarem e nos amarem,
para nos detestarem, para nos amarem
e quanto queremos afinal?
Quanto vamos dar nós?
Somos todos ricos
temos todos dores
daremos o que tivermos mais
daremos o que mais precisarem?

Estou absorto.
Só queria respirar melhor.
Expirar este queixume.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Destroços.

Ando por um longo vale à procura das minhas partes.
Trago uma mochila e já está do triplo do meu tamanho.
Não aguento mais o peso dela.
Vou deixar algumas coisas por cá.
Afinal não moro neste vale e posso cá voltar sempre que quiser.
Gostava que estancassem os acessos, como se faz com as estradas,
ficam soterradas, não podemos circular mais lá
ou então ficam só aqueles pequenos troços
tal qual alguns destroços.

Dizem que uma grande parte do crescimento de um ser humano
é saber sofrer, e por aquilo deixo este tema.

Admiram-me todos os que encontram as mais incriveis referências em tudo
eu vejo-me fodido por encontrar a minha própria referência,
será que não me passaram na máquina para fazer o meu registo de saída?

Estou tão cansado hoje,
preciso tanto de dormir.

Não importa
"a vida segue lá fora".

Longos dias se confundem.

Ele disse-me que queria que eu fosse um homem exemplar.
Pensei durante horas e horas.
Primeiro terei que ser homem depois exemplar,
melhor, terei que ser capaz de conjugar as duas coisas
de modo a que os conceitos não se confundam.
Ok, apartir daqui podemos construir qualquer coisa.
Homens de conceitos, conceitos dos homens.

"Olá, eu chamo-me Ivo, estudo filosofia e sou ocupa."

Conceitos, preconceitos, entrem todos agora.

A noção de estado de amor.
Vamos mistura-las, fazemos qualquer coisa que há-de resultar.
Não gosto não faço.

Noção de existência - hoje é quinta-feira, dia 16 de Novembro do ano de 2006 porque já passa das 23h59, do dia 15 de Novembro de 2006.

Noção de existência número dois - Sinto-me mal, dói-me a cabeça, estou cansado.

Noção de existência número três - Já não suporto estar aqui, detesto toda a gente.

Mais uma vez estanque-se tudo. Seguimos por aqui, criamos por aqui, rimos por aqui e sorrimos por ali.

Poderia invocar trinta citações.

Não quero.

Alguma paz talvez?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Diga-se.

Diga-se que não se diz nada e que se faz por aqui o que nunca se fez por lá.
Diga-se que não são escassas as lembranças de tudo que foi bom.
Diga-se que as pessoas são boas e que gostam de nós mesmo quando não somos nada.
Diga-se que há mais do que o que vimos e menos do que queremos.

Venha-se agora aqui e diga-me tudo que quero ouvir.

Desliga os passos que se fazem.

Não fui, não gosto.

Sempre gostei de tudo, diga-se isso, sempre gostei de tudo.

Mas agora? Agora?
Agora parece tudo bem mais fácil e bem mais difícil,
desmedido em dualidades que se dividem em trialidades
que por sua vez se subdividem em quadrialidades
e por aí fora.
Personalidade múltipla? Quem são os verdadeiros doentes?

Diga-se por aí que o mundo está mais saudável que nunca e sim,
diga-se que sempre foi doente!

domingo, outubro 29, 2006

Recortes

Lembram-me as histórias e os impedimentos que me elevam.
(como é que alguém se pode reger agora?)
Lembram-me aqueles momentos e aquelas coisas que vou deixar ficar
ciente de uma outra altura de recordados filamentos de desnecessariedade.

É, é isso mesmo que se vai.
E vai der por onde der.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Perturbadores casos de inocencia legitima.

Os sinais de apatia são de evidente loucura.
Desfaçam-se as teses e as ilusões já escritas.
Os sinais de sôfrega e doentia desdobraram-se em mil.

Parem o trânsito e avisem toda a gente,
não saio daqui enquanto não me derem o que quero.
Parem o trânsito e avisem toda a gente,
mundos dilacerados pela mágoa do Outono não os quero.
Parem o trânsito e digam-me que não vivo
pois quanto menos souber mais feliz serei.

Desliguem-me da tomada, desliguem-me
viver electrificado por aparências absurdas
desliguem-me da tomada
não me toquem na bateria
tenho duração média de setenta e quatro anos.

A minha bateria viciou-se
desliguem-me da ficha
sempre ligado à tomada e por quem me tomas tu afinal?

sexta-feira, outubro 13, 2006

Externato.

Blocos de Cimento.

Nunca antes havia navegado por tamanhos buracos de inócua compaixão,
nunca antes havia sido o estranho ser que se desliga de tudo antes sequer de fazer as ligações
buracos buracos buracos, tudo aqui se faz daquilo que é sem querer
buracos, redacções de buracos, cópias sobre buracos, sobre pessoas que se destroem quando não querem.
E tudo está mal, tudo está bem por está mal e desligam-se as ligações dos buracos pelos buracos que os buracos têm.
Dizem que ver não se vê, que ouvir não se ouve
mas dar dá-se, preocupar preocupa-se.
Não me vais ler não vou aguentar
falo para ti para mim e para mim e para mim e para ti.
Parece óbvio não é? Querer parece óbvio mas só os buracos são óbvio, aqueles que se cravam algures em sítios que não compreendemos.
Vou escrever em verso e em prosa ao mesmo tempo
vou escrever linhas de compaixão de amor e compreensão e não vou esccrever mais nada
porque eu não sei escrever, eu n sei ir e ver, não sei escrever.
Não sei cuidar não sei não sei não sei nada.
Sei que não sei nada
sei que não sei nada
sei que não sei nada
foda-se, só sei que nada sei?!
Não não, enganem-se, n é um simples uso de um palavrão comum e corriqueiro, é uma palavra de alto encalce e enorme significação no meio de compreensão lusitano e em toda a sua realidade.
Venham-se todos a mim eu explicarei um pouco mais sobre a ilusão de vos terem em vós.

Nao.

me fodas.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A visao distorce-se.

Sabes? Quando o peito aperta
o coração desperta-se ou desaperta-se
eu nunca consegui ver bem.
Vou usar duas palavras complicadas: amar, cuidar.

A visão distorce-se.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Olha olha, ves?

É tão giro ver a falsidade de nós a vir ao de cima
acreditar que tudo é tão verdadeiro que só pode ser falso.
Tenho vindo a desenvolver esta teoria,
quando se tem tudo é porque não se tem nada,
é tão absurdo que me parece completamente inquestionável.

Mas, detesto palavras dificeis sabes
detesto ficar bebado e mal disposto
detesto ter indecisões
detesto espaços e falsas considerações.
Detesto que acabemos algo tão puro e nos ponhamos a discutir o de sempre.

Detesto vê-las porque as quero muito.
É sofrer por ter e por não ter
abraçar o sofrer porque sim.
Detesto as pessoas,
porque gosto delas.
Bem, mal, sentido estranho.
Mas...
Percebes alguma coisa?

sexta-feira, outubro 06, 2006

E recomecemos.

Dizem que tudo recomeça ou que nada recomeça?
Não, dizem que nada é igual
mas há rasgos de génio.
Vou fazer duas músicas
bah, dizem eles que há rasgos de génio.
E as facilidades? Não, digo as dificuldades?
Ah? Diz-me lá, e as dificuldades?
E as discussões e os telefonemas incertos?
Ah? Ora diz-me!
Não. Falo de mim, sim de mim.
Porque é de ti que falo.
"De quem?"
Não o vou repetir,
há demasiadas esperanças em torno de tudo
e ainda dizem eles coisas más.
O mundo a cair e eles cheios de esperança.
Acreditas em alguma coisa ainda?
Tens tudo tudo e eu não tenho nada.
Tenho tudo tudo e tu não tens nada.

É absurdo.

Vou-me calar.

terça-feira, outubro 03, 2006

O carro parado sempre esperou por ti.

Deixei-me. Foi desta, deixei-me.
Não estou cá entre estas eloquências. Deixei-me.
Não vais voltar, não vais voltar.
Deixei-me.
Estas estranhas lógicas, este raciocínio.
Deixei-me.
Não era, não era e eu?
Deixei-me.
Não tenho mais nada para escrever, mais nada para dizer, mais nada para fazer
porque me deixei.
E seu eu acredito nisto, neste amor ele um dia volta.
Ele há-de voltar, com uma outra forma, um outro feitio
mas ele há-de voltar.

sexta-feira, setembro 29, 2006

uma unica vez.

Recordações e aquelas promessas que nunca se fizeram. Tristes redundâncias que eu conheço e que me trouxeram. Vá, é apenas uma questão de esfriar, uma questão de deixar tudo passar. Sou o rei do auto-controle, acho que já disse isto uma vez. Escrevo linhas sem parar e tenho teorias de pasmar. Vá, sou eu o rei do auto controle. Não vou onde tenho de ir. Não faço o que tenho de fazer. Sou eu, o rei do auto controle. Tenho um reino que só de subditos dava para fazer um mundo de anedotas que se desmonta sem querer. Tenho corações que apertamk e deslizam em caminhos de manteiga. O traço da loucura larga o que quer e não vê. Sou eu, o rei do auto controle, dos pastéis de compreensão lenta e de tudo que te quiseres lembrar.

Assinado

O rei do auto controle

vinte e nove de Setembro do ano de dois mil e seis.

quinta-feira, setembro 28, 2006

É a banda desenhada que manda nos enxertos de porrada.

Anda puta.

Anda cá!

Ai, agora vou pegar em duas coisas e vou-te dizer do que sou feito.
Vês? Este inergumeno que aqui está? Ora pega nele.
Agora pontapeia-o.
"Quero ir para bem longe."
Mas queres o quê?
Vais ficar aqui.
"Quero ir talvez morar para outra terra, uma qualquer aldeia remota."
Não vais, já te disse, não vais.

- Ele continuou a falar dele próprio durante dias a fio até ensandecer. O mais engraçado é que ele sou eu e falo comigo mesmo. É cómico o que dizemos a nós próprios quando fazemos tudo que queremos connosco.

terça-feira, setembro 26, 2006

loucura

A loucura serve-se que nem um prato quente.
Acompanhamos com aquilo que quisermos.
Basta ser qualquer coisa, qualquer coisa.
Querer não basta, há uma série de razões absurdas pelas quais nos temos que nos guiar,
até na loucura.

O espaço é obtuso e as querenças confusas.

A loucura não anda aqui, já foi para ficar cá.

Não quero porque não sou louco da minha loucura parca de sentido.

É.

Achei que sim.

Outras vezes diria que não desta disse que sim, não quero sim.

Fiz fiz, sim fui eu.

Agora?

Ao meu desalento

ou até à próxima.

terça-feira, setembro 19, 2006

Altas sombras de arrastamento

Ora, dizia ele que é fácil, que se descrevia facilmente tudo aquilo que se queria. Ora, dizia-o muito bem, falava como ninguém o parvo. Ora, e ele falava para ele próprio, era eu que dizia tudo, descrevia, antevia, desenhava, pintava, tudo bem. Depois calei-me, fechei-me nas entranhas de outras recordações, quis aquelas traves só para mim, para as pintar secretamente na minha garagem, sem ninguém ver. Ela berrava comigo todos os dias, queria saber o que eu tinha na minha garagem, o que fazia lá todos os dias. Nunca abri a boca. É verdade, nunca disse uma palavra, ela amou-me por isso.

O simplório deslocou-se à vila. desarmado, com umas calças que pouco tapavam e uns suspensórios ridículos que havia roubado no estendal que ficava à entrada da vila. Brincava com a corda que outrora fora seu cinto e sorria descaradamente a cada rabo de saia que passava. O chapéu de côco servia para uma engraçada cortesia mas nunca fora grande galã. Entra no saloon e pede ao balcão um jack daniels. Bebe-o de uma vez e é apertado por tudo que o alcool faz. Transporta-se ao café da manhã. Fato Armani, gravata qualquer coisa xpto. Um café e o jornal. Alguém do trabalho ao lado e ele sai. Em casa é mais seguro, n há ninguém, não se vê o mundo. Apartir de agora só viajo na minha cabeça. Tira-me a roupa e por favor, cura-me a alma.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Va, rebola.

Anda, chega-te para cá
rebola aí um pouco.
Vá, não precisas de ter medo
rebola.
Rebola!
Rebola!!
Já mandei
tás sempre em cima da cama
não dormes
só dóis dóis dóis
és aquilo que se pode chamar de inutilidade na sua mais pura, desgraçada e verdadeira essência
desmembrado de utilidade que não serve para nada.
Rebola! Nem disso és capaz?
Pois perdeste, perdeste uma batalha. Diz-me que a guerra ainda não acabou.
Uma vez derrotado para sempre derrotado. Diz-me que não é verdade.
Desligas, desliga vá lá, rebolas mais tarde
porque não?

sábado, setembro 16, 2006

Fitas, pipocas e pressoes

É assim algo que me perturba
a velocidade, a velocidade do medo.
Ser aquele que tudo vê com tranquilidade ou aquele que pelo menos assume a tranquilidade
fascina-me.
Ir a todo o lado, sem pressa, estar sempre tudo bem. Não está.
Lidar com as situações naturalmente
amar sem qualquer descrição. Não dá.
Ultrapassar tudo e mais alguma coisa
desfazer-me das mais difíceis entranhas. Não dá.
E como fazem todos os outros?
As outras pessoas? Como conseguem?
Serão más por o conseguir?
Quererão? Será que se preocupam?
Certamente.
Então agora explica-me porque dói tanto querer algo tão normal como estar bem?
Explica-me!

quarta-feira, setembro 13, 2006

Quatro Vezes

O que foi?
Tens-te tanto nas palmas das mãos
o que foi?
Para quê dizer que não te aguentas
eu digo sempre ai,
não consigo mais

e quatro vezes são vezes a mais
partes, choras
tu sabes bem onde cais

Sabe bem esmorecer
deixa-te levar
cai devagar
sopra-me promessas ao ouvido
serei só contigo

sábado, setembro 09, 2006

Instabilidade

É, às vezes apetece-me insultar toda a gente
como se fosse senhor detentor do poder de o fazer
e ninguém vê.
É, pois é, às vezes apetece fechar-me num casulo que me diga só onde estou
e depois pego na minha cabeça e pressiono-a até a sentir.

Bah, discursivo, plausível, coerente mas sempre doente.
É uma distinta distinção ver o que se vê
esta destruição.

Quero escrever mil anos de história por dizer
porque história que temos cá dentro, se pudessemos só descrever
um pequeno recanto da mente
teríamos mil anos de história por desvendar e ensinar aos que virão
como não lhe ensinamos eles vão, partem e destroem.
É uma verdadeira despojante sentida
relutante descida para um abismo que já só se quer.

Sentimo-nos mal pelos outros ou por termos medo que nos aconteça a nós?

Recomeça.
Fala fala fala.
Pára.
Vai atrás.
Desliga a tv ou liga-a para entreter.
Calo-me.
Fecho-me.
Pergunto só para mim.
Não vou ver espaços.
Cansei-me e amo tudo sem ver.
Tanto de tudo.
Tanto por tudo aqui.

És. És aqui em mim.

És. És aqui em mim.

És. És aqui em mim.

És. És aqui em mim.

Uma frase, uma.
É, as coisas ficam e nós lidamos
se formos capazes
mudamos.

Gostava tanto de pedir um desejo a uma estrela.
Elas ouvem-me, como me ouvem
e tu também me ouves
e eu também lá vou
"despreza o que eu sou / põe e dispõe de mim".

quarta-feira, setembro 06, 2006

Salmao

Há retratos nas mentes
de quem quiseres ver
estranhos factos
coisas impossíveis de acontecer.

Quantos relatos terás mais
tu que fazer
para eu perceber
de onde és tu
salmão?

Quantas vezes mais?
Quantas vezes vais
tu abraçar-me outra vez?

Há espelhos que acabam
por partir
estranhos reflexos
só me fazem fugir.
Que batôn terás tu que pôr
para arrancar essa dor?

terça-feira, setembro 05, 2006

Deixa que te moam todas as coisas que nao suportas.

Ai quantos decibéís mais serão precisos para que esta puta desta dor me deixe?
Quantos reclamos luminosos me terão que encadear os olhos?
Injustiça, é, digamos que, normal?
Ahhahahahahahahahhaha
Vamos lá, mais um bate pala,
somos todos tão lindos.
Olha olha, olha agora o que ele diz.
É fantástico, vamos todos atrás, todos
putos, putas, grandes, enormes, estranhos e disformes
vamos todos, VAMOS FODA-SE!
É assim que manda o mundo, é assim que mandam todos
em nós.
Então vamos lá cruzar os braços mais uma vez e por-nos em fila indiana
vamos lá, foder tanto a cabeça a toda a gente
para que sobrem apenas pessoas destroçadas
arruinadas, perdidas de si
arrumadas de si em espaços tão estranhos quanto a maior estranheza que possas imaginar.

Não te perdoo, não te perdoo nunca.
Teres feito isto a pessoas de quem gosto
e sim, eu gosto de todas, todas.

Não te vou perdoar por aquilo em que te tornaste
não te vou perdoar pelo que as outras pessoas fazem de ti
não vou não mundo
e o mundo é cada pessoa individualmente
e eu não perdoo a ninguém.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Eu vi tudo

Eles corriam gritavam, passavam tudo para um copo
andavam sem parar, queixando-se vezes sem conta
do cansaço a que o corpo se dera.
ficavam para mais tarde, bebiam e fumavam
sempre com um tema para falar
depois parava-se para pensar

a massa de resultados, de pessoas e sons desdobrava-se no horizonte
querer mais do que a vida se calhar passa além do monte
eles choram eles riem e acreditam que é verdade
porque é possível viver, pelo menos lá
com aquele gosto pela (não) necessidade

Como te vês agora depois de te rasgarem e entrarem?
depois dos ouvidos e músculos de todo o corpo completamente arruinados?
Com vontade de mais
porque viver, o que é?
Sei-o tão bem cá dentro que não faço ideia de como é.

obrigado.

sexta-feira, agosto 25, 2006

cala-te

Cala-te minha besta.
Anormal.
Estás sempre aqui: "Porque é hoje, porque é amanhã"
Cala-te foda-se.

Senti-me mal por te mandar calar
senti-me mal por não te mandar parar.
Estas coisas vêm à velocidade de qualquer coisa que anda muito depressa.
Cala-te!
Não quero mais porque quero tudo
e ir é sinal de ficar continuar e querer.
Noites de poesia embriagadas
noites de som inebriadas.
Cala-te puta.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhh
Só me apetece berrar-te tudo aquilo que me apetece berrar e calar espetar rogar parar ir calar calar calar calar
Cala-me por favor.
Não quero dizer estas coisas que só me fazem repudiar o mundo
repudiar a inexistencia da existência.
Eu quero ir voar e deixar de sentir tudo para que me possam abraçar e sentir a pureza de uma alma.
Onde está toda a gente?
Para onde foram?
Onde estão?
Não vejo ninguém.
A merda do mundo veio ao de cima
só quero sentir alguma coisa diferente
alguma coisa diferente.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Como se cala isto?

Sou estranho.
Estranho todos os dias.
Nem quando acho que tudo está lá,
continuo a ser estranho.
Alguém me cala e continua
vem uma pessoa diferente e continua
estranho.
Mas qual a estranheza disso?
A anormalidade não é um estado aceite?
Não somos todos diferentes e reagimos de forma diferente?
Estão não seremos todos estranhos?
Sou estranho.

Digo palavrões em frente a toda a gente e as pessoas riem-se.
Faço das minhas dislexias trunfos de piadas
e elas riem-se
conquisto espaços para que o meu ego se sinta confortável
e desmonto, desmonto tudo e mais alguma coisa para me manter.

O coração ressente-se vezes sem conta
é físico é psicológico.
Compreendo agora a forma da metáfora
a metáfora pode tomar conta de nós
é fantástico, criamos os nossos próprios mundos
e eles apoderam-se de nós
para nos mostrarem que estão realmente lá
puxamos e afastamos as pessoas de quem gostamos
porque somos todos estranhos e a única coisa que queremos
é sentirmo-nos bem e sermos felizes
porque somos estranhos.

domingo, agosto 13, 2006

Outro tipo de novidade

É, pisa-se o céu quando se quer chegar lá.
Não me vou esforçar por compreender.
Laços, braços que esticam e pegam em tudo aquilo que queremos.
Pernas, costas, dói-me tudo.
Mas dói mais o que vou vendo, como?
Outro tipo de dor.

Vem-te. Agora só para mim.
Não vou querer pensar nisto
mesmo quando, só, me junto a mim a querer todas
todas. E qualquer uma serve
desde que venham todas.

Passaram o cilindro de novo pelo alcatrão
ficou tudo bem liso
e as rugas que andava a tentar criar
deixa-as, são para outro as viver
e ser e querer.
As minhas estão lá, estão, estão, estão.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Coisas do ar

A Carolina escreveu isto, curiosamente enviou-me. Tem o título "coisas do ar", há coincidências incriveis.



"Neste sufoco habitual que é acordar sozinha todas as manhas, lembro-me do que não fomos.
Eu costumava acreditar que o tempo ia voar para nós e por esta altura estaríamos já os dois velhos, a ver estrelas desfocadas pela miopia, durante as noites de Verão.
Iríamos beber chá e ter gatos, como toda a gente. Estar cansados pela vida, como toda a gente.
Ter cortinados feios, como toda a gente. Ver televisão de qualidade duvidosa, como toda a gente.
Iríamos ser como toda a gente e no entanto, tão nossos, que nunca ninguém ia entender as nossas singularidades.
Iríamos sentir-nos confortáveis, longe da angústia adolescente e em conversas só nossas, rir ao lembrar quando secretamente planeávamos morrer antes dos 30.
Tu ias continuar a descansar a tua mão displicentemente na minha perna e eu ia continuar a achar esse gesto algo espontâneo e maravilhoso.
Seríamos assim, sem conhecer outro amor, até que um de nós morresse. Depois, meses depois, morreria o outro de tristeza. Todos teriam que reconhecer a nossa simbiose.
Seria o nosso último sorriso sarcástico, para quem ainda se atrevesse a duvidar.
Teríamos filhos feitos de nós. Traços físicos, convicções, gestos. – a minha almofada chora.
Eu costumava acreditar mas o tempo não voou. Limitou-se a passar como só o tempo sabe. Os ponteiros do relógio continuaram a trabalhar da forma que lhes ensinaram. Nem mais nem menos.
Não vamos morrer juntos. Talvez um de nós morra mesmo antes dos 30 (estamos gastos, meu amor) e o outro lhe siga, pela tal simbiose de que escolhemos não falar.
Ou talvez morramos de uma daquelas doenças idiotas, causadas pelo excesso de álcool, quando tivermos 40 anos e nenhuma perspectiva de vida. Já nem sei.
Neste sufoco habitual que é acordar sozinha todas as manhas, lembro-me do que não fomos. E cada uma destas memórias não vividas me dói."

terça-feira, agosto 01, 2006

Vai continuar

Deixa que cresça
deixa que isso cresça dentro de ti
porque isso vai-te fazer bem
se o souberes ver em ti.

segunda-feira, julho 31, 2006

Torçao

Esta infelicidade não existe
é uma ficção da nossa cabeça,
da nossa mentalidade rasa
que não consegue perceber.

A felicidade não existe
é uma ficção da nossa cabeça,
da nossa mentalidade rasa
que não consegue perceber.

Eu não existo
nem sequer quando sei que estou vivo
porque é disto que resulta
o emprego de novas distâncias.

É-me indiferente
ter, não ter, chegar ou não chegar
o aperto é tanto
que ficar aqui é doloroso de mais
o aperto é tanto que isto só pode ficar melhor
este ardor, este queimar.

Vou viajar algum tempo
fugir disto tudo
vou da Boavista à baixa
e logo tudo melhora
não.
Vou do meu quarto ao sofá,
acho que é mais do que suficiente.

Embrulhado em depressão?
eu?
o mundo desfeito de ilusão?
de sonhos perdidos?
eles?
Achas?
é só dar a mão
e salvar o mundo depende só de me salvar a mim
por isso vou salvar o mundo.

domingo, julho 30, 2006

Rotinas

Descobri coisas novas
ninguém me lê
descobri entradas novas para os caminhos da estranheza
o mar disse-me
hoje desligo
amanhã não vou
quando quero
já cá estou para ir
quero alcool para me afagar o sangue
mas não quero parar
quero ir
mas não quero ir
sou aquilo que não sou quando quero e não estou
cala-te
embrulha-te
deixa-me
cala-me
quero ir
não quero ir
mais areia?
quero ir não.
sou aquilo que sou quando não sou
e não vou
porque cheira mal aqui
o espaço é estranho aqui
quero abraço
abraço
não chores
quero abraço
neste espaço aqui
já!
deixa-me!
Não me quero dar
porque quero ir
mas quero-te aqui
comigo
vai!
Não voltes
mas fica aqui comigo.

sábado, julho 29, 2006

Interessa?

A memória move-se com intenções claras
fazer-nos lembrar daquilo que queremos.
Não interessa absolutamente nada sofrermos com as recordações
não interessa absolutamente escondermos as emoções.

Vamos das duas voltas à mesa.
Volta de onde partiste.
Quero-te chamar nomes para que me ouças.
Tu nunca me ouves.
Nem que me peças desculpa mim vezes eu vou conseguir controlar isto que cresce em mim.
E se é ódio?
Já senti tantas coisas mas ódio?
De onde vim eu afinal?
Já não se resume tudo a estar horas fechados num quarto
a que fases estranhas somos nós submetidos?

Podia amar desmesuradamente e sorrir de cada vez que via um sorriso.
Podia ser parvo e estar sempre feliz.
Podia ser parvo e tar sempre triste.
Podia viver na miséria da destruição precoce.
Quando é que eu vou ver?
Aceitar viver, amar sem ter medo de perder nada!

Apetece-me escrever até não ter mais força
visto que faço tudo desta maneira
até que se esgote a energia
e a energia parece esgotar-se vezes de mais
abandonada do corpo
abandonada de tudo
só a intoxicação resolve
o quê?
Quantos passos interessam se nada disto se liga?

Recuso-me a aceitar que não sou eu
recuso-me a deixar que isto não se torne meu
aquilo que eu sou
e isto sim interessa!

Sempre

Às vezes bate-nos tudo com tanta força
com a violência de um camião tir
atropelados perante estranhas fricções eróticas.
Não me sinto capaz mas já me sinto capaz
Fico zangado, mas extremamente zangado
vou bater em toda a gente que me disser o que devo fazer
vou bater em mim por ter uma teoria absurda para tudo aquilo que acontece.
Quero calar alguém para que não tenha que me calar a mim
quero que se cale alguém para que eu nunca tenha que me calar a mim.
Vou sair dez vezes sem me olhar ao espelho
vou recitar duzentos poemas mesmo antes de te apetecer
porque eu vou-me foder
em alguma altura tenho que me foder
da forma mais violenta e estranh
querendo tudo de todas as maneiras por mim a dentro
e tendo o medo de ter cá coisa alguma.

As pessoas batem-me, batem-me todos os dias
espancam-me sem parar
quer gostem quer não gostem
e isto é auto mutilação
vá, anda, pergunta ao teu coração.

Não quero mais isto e sabes porquê?
Porque quero tudo
e realmente é verdade, às vezes temos mesmo tudo
mas cansamo-nos porque queremos mais
ou uma outra coisa.
Não é uma questão de coerência, respeito, liberdade
é uma questão de sanidade
mas o que é a sanidade?
O que é esta liberdade?
Eu vou para lá de além
porque é isso viver
sempre viver.

sexta-feira, julho 28, 2006

mal e bem

Apetecia-me escrever sobre qualquer coisa que me pudesse dizer o que quero dizer
deixar-me a tudo aquilo que me faz sentir mal, bem e apenas só
queria saber porque há coisa tão pequenas que nos podem fazer subir
coisas tão grandes que não nos movem nem por nada
fazer de conta que tudo é bom e tudo é mau
que não há passividade
que não há agressividade inerente a este espaço que não entendo.

Queria saber porque é que se vê tanto e tão diferente
porque é que o mundo está tão torcido
e toda a gente insiste em não o ver.

Queria saber porque é que ninguém percebe
o quão partidos estamos
em quantos estilhaços nos montamos
o quão desesperados parecemos a maior parte das vezes.

Somos todos tão fortes não somos?
É tudo tão bom não é?
Viver fechado numa redoma de vidro e contactar o mundo
dentro de uma bolha que só diz que temos que sair
para que nos cortem tudo
ou então fazemos isso a nós próprios.

Queria saber do mundo e dos seus problemas
e mandar quinze toneladas de alguma coisa que me fizesse sentir bem para sempre.

Mas o que é isto?
Quantas vezes me vou ter de calar para me ouvir a mim falar?
Quantas vezes te vais curvar para te ouvires falar?

Sou és somos nós
Quantas frases me deixam para trás?
Quantas superfícies terei que experimentar?
Quantas vezes mais serei capaz de amar?
Onde é que ele está que eu vou-me a ele
digam-me só
que é para me acovardar outra vez
e ficar a olhar e a ver
mesmo quando só me quero meter lá.

Vou fechar este espaço porque fiquei confuso
eu quero o que não uso.

Será?

Mal é o bem do bem e bem é o mal que vem.
Não há agora uma distinção porque o mundo fundiu tudo
fechou o supermercado do estudo e deixou-nos perdidos.
É tão simples, tão dado
como seremos capaz de o ver?

quinta-feira, julho 27, 2006

Mais do mesmo.

Mentiria se dissesse que já nunca me lembro de ti
mentiria se me fechasse em dois e partisse as recordações de ti
mas o que escrevo vem daqui
deste lado que me dói, mesmo fisicamente
se calhar estou doente.

Eu quero ir agora, deixar que isto páre
mas não quero desistir de nada
mas de alguma coisa tenho que desistir.
É escuro como o breu
este espaço que é só meu
e ninguém mais entrou
e o que fiz foi o que se fechou.

Quero parar agora
um fumo atrás do outro
um esboço atrás de outro
e não ser capaz de parar.

Vou entrar por lá sem hesitar
sem pensar neste buraco que me deixa a cair
sem pensar no retalho que sou e teima em surgir
não sou capaz porque sou capaz
e isto é alguma coisa?

Quantas vezes mais te vou tocar?
Quantas vezes mais lhe vou tocar?

Mentiria se dissesse que não penso mais em ti.

Mentiria se dissesse que não penso mais em ti.

E em ti, e em ti, e em ti e em ti.

quarta-feira, julho 26, 2006

La vou eu.

Não vi um único espaço que não me perturbasse.
Não vi um único espaço que não me perturbasse.
Estes espaços fazem-me mal
dizem que a obsessão nos pode levar
dizem que o espaço que damos nos podem deixar
perdidos.
O que dizem eles não me interessa
isto que sinto cá dentro
é tão real que deixa de o ser.
Cilindraste-me, outra vez.
No que escrevo no que dou,
cilindraste-me outra vez.

Fiquei outra vez inebriado
e nem sequer sei o que isso quer dizer.

Ao mar olhei tempos que me pareceram não acabar
só para afagar uma dor que não sei onde está.
Tentei procura-la só para ser capaz de te dizer
e tornei a não dizer
disse-o depois, sem perceber.

Deixaste que tudo ficasse frio,
deixaste que tudo ficasse vazio
mesmo quando eu me senti capaz
mesmo depois de sempre me achar capaz
deixaste que isso passasse ao lado.

Eu sei que fez clic
eu sei que algo mudou
mas logo mudou outra vez.

Posso ficar por cima
mas deixo-te ficar por cima
porque no sexo alteramos o que queremos
inventamos o que queremos
no amor somos simplesmente dizimados
para crescermos.

Estarei bem quando estiver bem
porque agora lá vou eu outra vez
para o meu mausoléu.

terça-feira, julho 25, 2006

Quando?

O tempo distorce-se à medida que me deixo viajar mais um pouco
está tudo tao estranho que parece que nunca mais me vou endireitar
mas há uma relativa sensação de indiferença
uma preocupação estranha que se diluiu na indifereça de estar bem
e eu estou assim, torcido.

Queria ser capaz de escrever algo decente
algo que me ligasse a um qualquer esboço aparente
queria os teus olhos nos meus
as tuas mãos a segurarem este estado inconsistente
mas não te vejo cá
não me abraças,
não me tiras o espaço entre mim e ti
e eu quero que mude assim...

Vou agora a outro lado
a cabeça pende
estranho agrado
e diz-me como vim...
diz-me como cheguei aqui sem andar
diz-me como fiz para parar
isto gira, gira e gira...
e onde vou?
deixa-me o espaço do que sou
e afaga-me nos teus braços
porque estes contornos de loucura cada vez mais me dirigem a ti
e as perguntas estúpidas tiram-me de mim.

Eu só quero que me vejas aqui
a querer isto tão grande
a querer o espaço tão perfeito
para que a realidade de ti se junte
e dois num só se vejam
e eu não me sinta mais obtuso de culpa
estranho de desculpas frias e racionais
porque mais e mais
só ter-te aqui,
comigo.

segunda-feira, julho 24, 2006

O verso

Sinto-me outra vez pequeno
dentro de uma inferioridade
algo que me deixa para além da certeza de não querer
algo que me prende ao que organiza o meu ser

Quero deixar que as palavras saiam
só que saiam.
O meu cérebro terá que parar
o meu coração terá que parar
tudo terá que parar
mas eu vou continuar
como, para quê e com que sentido?
Nunca me farei ou deixarei sentir
agora.
agora.
agora.
agora.
agora.
agora.
agora.

Não me deixo de mim porque sou eu
Eu quero ir contigo se me deixares
Quero poder dizer que já vou quando me chamares
e ligar preços de chaves que me abrem estas novas tendências
de displicências.

As vontades?
Onde estão as vontades?
Onde está a necessidade?

Sonho contigo todas as noites
em verso.

domingo, julho 23, 2006

Curvas

Porque não podem as curvas indicar-nos os caminhos?

Porque não podem ser substituidas pelas placas?

Porque temos que pensar sempre em tudo?

Porque é que há tempo para cada coisa?

Porque é que não somos intermináveis?

Porque é que podemos responder a todas estas perguntas?

Porque podem as curvas indicar-nos os caminhos?

sábado, julho 22, 2006

22.07.2006

Viajei três passos por entre a luz
deixei que apagasses efeitos distantes
Dei-me aos teus braços
mesmo antes de os ter
liguei-me a retratos
que só eu quis fazer

E agora, lá fora
o sol corta o espaço do céu
quando outrora reavia tudo o que era meu.

sexta-feira, julho 21, 2006

E agora?

Que é que se passa? És capaz de me dizer o que se passa?
Sinto-me claro e apagado, isto a qualquer momento colapsa e quem me salva?
"conta contigo, faz como te dizem" - puta, não quero.
Desliga a televisão, não quero ver mais essa luz escura e hipnotizante.
É tão mais fácil quando somos só nós.
É tão mais fácil quando não estamos sós.
É tão mais fácil se não pensar,
se não me ligares esta corrente que me prende o coração.
O que é que sentes agora?
"Agora?"
Sim, agora.
"Mas o que queres dizer?"
Não quero dizer nada, perdi a cabeça, prefiro berrar contigo.
"A outra voltou a reclamar espaço não foi?"
Outra? Qual outra? Quando?

Não se vao nada embora, tudo fica cá. E agora sinto, estou vivo.
Isto continua, tal como outras coisas,
julguei que fosse carolice, julguei que viesses para tentar tapar mais um buraco
e não é que estou enganado?
Mas não, não me vais dominar, outra vez não.

Já perdi o controlo em mim mesmo há muito tempo
e quanto mais tento mais percebo que só tenho que viver
eu.
Deixa-me que pense em mim todos os dias a toda a hora.
Não! Deixa-me pensar em ti todos os dias a toda a hora.
Não quero.

E agora?
Não me quero ir embora daqui.
Fica, deixa ficar a tua alma aqui
se calhar a tua energia
talvez o teu cheiro.
Não sei a que cheiras, não me lembro,
e agora?

Não tenho nada porque tive tudo
tenho tudo porque nunca tive nada.

Fácil.

terça-feira, julho 18, 2006

25/03/2001

O prazer.
O prazer da confusão
de uma arma impotente
de latão.
Mais palavras disparadas
mais esperanças irracionalizadas.
Tudo tão farto,
tudo tão cheio...

Liberdade pura de destruir
um cérebro ecoando
para me ouvir...
O mundo parvo,
por demais parvo
e um sonho distante,
distante...

Tudo tenho,
tudo tive
uma caneta
um desenho
e para mais...?
Não me contive.

Mais uma barra destoando,
mais tinta lacrimejando...
um pouco de paz,
um pouco de serenidade
numa cabeça vazia de tudo
e preenchida demais...

O prazer de doer.

quarta-feira, julho 12, 2006

Se...

Se me levanto é porque me levanto
se não durmo é porque não durmo
se faço e desfaço e vou fazer uma outra
passa-me tudo e descansa uma coisa estática
Não. Não me faças sentido quando acredito
não me deixes desamparado quando eu acredito
e se eu quero de uma maneira que não me é possível medir
quando irei eu conseguir calar esta intensidade?

Eu estou preparado. e tu?

segunda-feira, julho 10, 2006

Futebol

Vamos jogar pro evolution
mas só tenho dois comandos
jogamos só os dois até que se veja o sol nascer.
Já te tento ganhar há tanto tempo
e nada,
não há meio de acertar com os botões
se calhar é por causa de jogar embriagado.

Joga comigo só mais este jogo,
eu reduzo a duração do jogo para que não te aborreças
não percebo se gostas ou não de jogar
mas isto é um jogo não é?

Detesto jogar sozinho.

domingo, julho 09, 2006

Cansaço

Tudo parece diferente
elacções conclusões
a visão distorce até não poder mais
o meu peito rebenta em qualquer coisa que não rebentará
a cabeça informa todo o corpo que vou colapsar
mas não colapso
não caio
durmo 6h e fico cansado na mesma
passo o dia a pensar no mesmo
à noite adormeço e sonho
e não é cansaço
mas estou cansado
quero ir
deixa-me ir
quero ver
deixa-me ver
quero tocar
sem partir
sem te deixar fugir.

quarta-feira, julho 05, 2006

Apagar

É relativa a forma como lidamos com o que nos vem
e se vem sentimos que por alguma forma se manifestou em sentido
Deixem-se de ser aquilo que são e dispersem-se
Não!
Qual o poder da decisão?
A nossa decisão sobre nós próprios?
Interesse é um absurdo que se nos espelha na confiança
do oportunismo aparece uma lembrança
e sabemos que estamos em nós por nos vemos nos outros
e lembramos o que nos dói por dentro porque olhamosm para os outros.
Onde está a nossa verdade quando só a vemos por fora?
Deixe-se este poder
matar um pouco
apagar é a hora.

segunda-feira, julho 03, 2006

Cumpra-se.

Cumpra-se o antigo.
Mas o que há a cumprir?
É da sensação de estranheza que se revelam os mais intensos sentimentos.
Há pré definições, simples reacções estabelecidas
Faz tudo parte de uma entrada neste mundo obtuso
e onde nos leva a pureza de ser?
À busca.

Não há cansaço nessa procura,
não há senão uma destreza desmedida
pelos puros sentimentos que em nós se elevam.

Eu amo, mas porquê?
É um erro justifica-lo?
É um erro não o dizer?
Sofrer sofrer sofre pelo quê?
por alguém?
por nós próprios?

Porquê esta destreza nos sentimentos?
porquê esta destreza dentro de nós mesmos?

quinta-feira, junho 29, 2006

Viajar

A estrada está cheia de gente
enche-se de chapa aos magotes
movendo estranhas formas
para os lugares mais remotos.

Eu quis gritar para que todos saissem da frente
mas não fui capaz.
Quis gritar para que todos se movessem e eu pudesse abrir caminho
mas não fui capaz.
Quis abrir caminho para tua casa onde me deixassem só ficar
mas não fui capaz.
Quis dar-te só um pouco mas nem disso sou eu capaz.

A estrada está cheia de gente
enche-se de chapa aos magotes
e espero pela hora em que esta apreensão passe
e o espaço se abra e eu sorria.

Simples rotina

Sempre detestei as rotinas
faziam-me comichões estranhas
e agora prendem-me a elas.

Faço de mim próprio uma rotina que muda constantemente,
então distorça-se o conceito
rotina?

Prende-se na minha retina esse ciclo
quero mais!
Mas não, não é rotina
Pois quantos de mim irão para lá?

Hoje irei outra vez e amanhã também
Onde não sei mas vou sempre
sempre.

quarta-feira, junho 28, 2006

Novas distancias

É simples, recorrer a alguma coisa que nos deixe ir
pegar no simples tirar um pouco para complicar
e recorrer a alguma coisa que nos deixe ir.

Eu vou, absorto do espaço que me rodeia
escrevo para que se me apague um pouco da ânsia
desligo-me de tudo porque de nada me consigo desligar
faço-me recurso fácil para que te possa conquistar
mas do que me falarão mais?
o que me dirão mais que eu possa sentir?
Nada faz sentido agora sem este bocadinho de mim
nada se faz rota se eu de me rimar
faço alguém que me passa.
A verdade, essa, repousa serena no espaço
e é sem dúvida no querer do teu abraço
que me deixo aqui.

Morreram e renasceram.

Deixa-me dar-me.

terça-feira, junho 27, 2006

Obsessao

Vou e venho quantas vezes tu quiseres.

Estilhaços da memoria

Presenteia-me com um espaço de necessidade
resolvo este aperto com distrações absurdas
quero que me pegues pelos colarinhos
e me distraias até não poderes mais
vou-me calar até te ouvir gritar
quero que desfaças os espaços
e te lembres só dos abraços
agora o que foi?
deixou-me.

Agora?
agora deixo-me ao insulto
porque é simples o absurdo
não ser normal é a normalidade
porquê?
deixo-te as conclusões.