Ora, dizia ele que é fácil, que se descrevia facilmente tudo aquilo que se queria. Ora, dizia-o muito bem, falava como ninguém o parvo. Ora, e ele falava para ele próprio, era eu que dizia tudo, descrevia, antevia, desenhava, pintava, tudo bem. Depois calei-me, fechei-me nas entranhas de outras recordações, quis aquelas traves só para mim, para as pintar secretamente na minha garagem, sem ninguém ver. Ela berrava comigo todos os dias, queria saber o que eu tinha na minha garagem, o que fazia lá todos os dias. Nunca abri a boca. É verdade, nunca disse uma palavra, ela amou-me por isso.
O simplório deslocou-se à vila. desarmado, com umas calças que pouco tapavam e uns suspensórios ridículos que havia roubado no estendal que ficava à entrada da vila. Brincava com a corda que outrora fora seu cinto e sorria descaradamente a cada rabo de saia que passava. O chapéu de côco servia para uma engraçada cortesia mas nunca fora grande galã. Entra no saloon e pede ao balcão um jack daniels. Bebe-o de uma vez e é apertado por tudo que o alcool faz. Transporta-se ao café da manhã. Fato Armani, gravata qualquer coisa xpto. Um café e o jornal. Alguém do trabalho ao lado e ele sai. Em casa é mais seguro, n há ninguém, não se vê o mundo. Apartir de agora só viajo na minha cabeça. Tira-me a roupa e por favor, cura-me a alma.
Sem comentários:
Enviar um comentário