segunda-feira, dezembro 06, 2010

De Volta.

Sou, de Volta.
Uma terra que ninguém conhece.
Não falo de Nada, só de Volta.
Em Nada fui feliz, mas em Volta, voltei.
Não me pára a esmola,
a esmola de quem se diz roído.
Eu vim de Volta, por Nada.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Predador.

Olá.
Eu vou sair e vou foder alguém.
Não interessa se é mulher ou homem.
O meu objectivo é foder alguém.
Saio, bebo, fumo, danço
só quero é foder alguém.
Se no fim da noite, bêbado, bato em alguém
ou alguém me bate, não importa
o que importa é a foda.

As cidades e os bares e os locais de lazer multiplicam-se.
A caça e o desejo, esses, nunca cessaram.
Nós somos mais nós do que algum dia fomos
por isso não me retiro mais daqui.

Estamos parados no prazer vazio.
Não digo que está mal, que está bem
ou que está o que devia ou não devia estar
só que estamos parados aqui, sem nada
vazios.

Vou apanhar quantas eu quiser.
Se quiser homens é só apontar.
No calor de qualquer sítio a meia luz
é só escolher.

Não condeno nem nunca hei-de condenar o que eu próprio quero fazer
para além de amar e querer e desejar, o resto é só foder.
E porque não?
Não me deixo preso, solto ou até imediato
mas qual é o substracto? Qual é essa vontade?
Se calhar emigrava.
Um país forte em outra coisa,
como os de erasmus, sei lá.

Que vazio é a saudade do amor, que vazio é, meu amor.

segunda-feira, novembro 15, 2010

A verdade.

A verdade distrai.
Não me digas que nunca o sentiste?
A verdade estorva e contrai mais doenças que eu próprio.
Dizer o quanto é barulho,
nas estradas de gravilha molhada
é querer um pouco mais
se pensas que a verdade vem engelhada.

Sim, podes dizer que sim
mas a verdade dói mais que isso
custa mais que isso,
mais do que aquilo que pensas que mais te custaria fazer
porque na verdade pervalece
e não abandona mais, aloja-se num recanto
e não nos larga mais.

A verdade é a verdade e na verdade somos mentira.

sexta-feira, novembro 12, 2010

É bom.

Saber que a amas
não pensar sequer no que pensas
enquanto a amas
e deixar que amor seja um.
É bom saber.

É bom saber que não te despes
que só tiras parte da roupa
para não te expores.
É importante que o faças.
Não tires tudo
deixa ficar alguma coisa.
Dar tudo é sacrilégio.

É bom saber que me venho
pelo menos até à última
se calhar com esforço
talvez não,
está bem,
não quero mentir,
nem saber da verdade
para nada.

É bom saber que pouco sei, na verdade
isso é simplesmente bom.
Enquanto a televisão funcionar e o rádio tocar
estou bem, sentado, deitado de barriga para cima
a pensar no que já tive, no que já fui,
nunca no que vou ter,
só o passado a moer.
E o amor? Perguntas pelo amor?
Ele também veio?
Ficou cá? Esteve cá?
Mas eu sonhei com isso?

É bom não saber onde estás.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Não me faço troça.

Não jogo ao que se pede.
Não é meu o jogo portanto, pede.
Há uma e outra frase que se repetem,
às voltas.
Não te deixes enganar.
Não, não e não, de negação.

Pintei dois traços e um risco
fui dizer que não e digo-o:
não.

O que é, é o que é.

Uma história só pode ter um final.

segunda-feira, novembro 01, 2010

É de quem?

A vontade que me veio, é de quem?

Somos um que vagueia por demais. Não nos damos.
Pertencemos à classe que se diz o que são os tais. Não nos damos.
E a vontade é de quem?
Paramos, escassos, nos passeios,
fintamos devaneios e recorremos ao jornais. Não nos damos.
Deitamos fora a esperança, dizemo-nos fãs da mudança
e fechamos os olhos aos pais. Não nos damos.
E a vontade é para quem?

E a mentira?
É de quem?

terça-feira, setembro 21, 2010

É gratuito.

Tudo tem um preço.
Vejo que os anos passam, mas na realidade só tenho este.
Dão-nos tudo. Aprendemos.
Mudamos, crescemos e depois tudo acaba.
Acaba. E eu sou imortal.
Não. Não me entendam como se já me conhecessem.
Tu não me conheces, ninguém me conhece.
Eu não sou daqui.
Os textos escrevem-se para se criarem ilusões.
Ninguém sabe a dor de ninguém.
Ninguém escreve a dor de ninguém.
Podes até dizer-me o que queres,
virar costas quando quiseres,
mas ninguém sabe o que me vai.
Ser igual não é mais que ser diferente.
Mudar a cor é saber de cor quantas coisas disseste.
Guardar no peito a lembrança de sempre.
E isso é o quê? Só eu sei.
Não houve nem haverá porque só há isto.
E isto perde-se aqui, nesta lembrança.
Acabou.

Não me faz confusão, não me dói mais do que isto.
E é o quê isto? Quem vem de cá, quem vai para lá?
Porque os levam às séries, com motivos iguais?
Porque levam esta vida para levar os demais?
Que motivação maior há senão a que há.
No fim da estrada há-de haver sempre quem me queira agarrar,
nem que eu não valha nada,
alguém me vai querer furar e levar o que eu tiver nos bolsos.
Não é isso que se diz, não é isso que se faz.

Não se ama mais hoje? Não se faz nada por ninguém, hoje?
Tu fizeste o quê hoje?
"Foste um bom robot, hoje?"
Tiraste o quê hoje? Abraçaste quem, hoje?
Encheram-te o bolso?
Fodeste quem hoje?
Diz-me!
Diz-me porque eu não entendo.
Eles estão todos a ir embora, todos.
Não tarda iremos nós.
E quem é que tu beijaste hoje?
Não interessa.
Vamos a correr.
Todos a correr para os carros, para o trabalho,
ganhar e acreditar que ganhamos.
Vemos um filme à noite e cantamos uma canção a caminho de casa.
E pisaste quem hoje? Pediste desculpa hoje?
Não, porque eu sou e sei e vou para onde eu quiser quando quiser.
Está bem, e abraçaste quem hoje?

Uma cerveja, vinte cigarros, três canções, um par de amigos.
Miúdas bonitas, noites sem fim. Talvez o fim seja só quando amanhece.
Depois começamos de novo.

É uma espécie de tordo. Talvez porque tordo me faça lembrar atordoado.
O que eu quero dizer é que é demasiado curto, é pouco tempo
não é preciso desperdiçarmos tanto.
Um mais um faz dois, talvez seja quanto baste para entendermos a vida
e ainda assim, se não a entendermos...

quarta-feira, setembro 15, 2010

Destitulado.

Precisamos de calor
precisamos de frio
precisamos da vida
do coração vazio
da lembrança ténue
da doce vingança
do desejo célere
e da tua inconstância.

Precisamos de amor
de vontade e querer
se perdemos o furor
vamos logo deixar de querer.

Mas que mais me fizeram
lá na auto-estrada
o recomeço da entrega
o embrulho que nevava.
Não caí porque precisamos de nos levantar
e o que ela me deu
ficou lá atrás,
a chorar.

Mãe, o que levo daqui mãe?

Precisamos de ódio, mordaças, coisas em praças.
Precisamos do vídeo
das palavras parvas
do coração partido e das pernas fracas.

Fui ver um monte que me disse o que quis
porque precisamos de tudo
e eu preciso de ti.

sábado, agosto 28, 2010

Pedras e passeios são caminhos.

Recomeça.
Não, não vás fazer essas lembranças as memórias que te comandam,
sejam elas aquilo que se fizerem,
recomeça.

Entraves são passageiros, diz no dicionário
e o Portugal de hoje é vazio, inóspito.

Reconheço o espaço,
reconheço esperança,
reconheço o árduo caminho que se faz
para se tirar e tornar atirar uma pedra mesmo à tua cabeça.
Um bocado de paralelo que se faça mais
na simples trajectória de matar
sim, de ferir de morte o que mais se vê
porque é para não mais veres.

Duas coisas retirei
três mais atirei
e nenhuma de acertou.
Esta pedra vai
vai e não pára
é direita à testa.

Fiz o caminho
a andar
sentado como quem vai.

A distância fez-se tua
não minha.

domingo, julho 11, 2010

Memória fotográfica.

Há verde de cor
preto incolor
que se funde no meu perdão.
As minhas mãos são como pás,
arrancar cheias do que me dás
e inventam a parte que não me enche.

Milhares me fazem um
e milhares me partem de um
Não te quero porque me quero do que quero o incrível.
É passível de mudar a mudança
eu sou eu, o que é meu é desta instância.

Uma vida é o que é demais
uma vida é o que é demais
compasso metronomado, empastado da solução
ela viu-me e afinal eu não.

É o poeta dramático que carrega a entoação teatral e o desejo de no final ser infeliz mas como um herói.
Não sei sequer o que dói.
Sou vulgar como de vulgar se faz.
Sou a paz que não tenho e não quis e nem sei como isto se diz.

domingo, junho 27, 2010

Ruma.

Hoje o desejo passa-se devagar.
Perdido, deitado ao escuro,
moendo o que demais se dá.
As folhas perdidas para o chão
memorizam o que se dão:
um grande conjunto de recompensas.
Não levo muito do enorme que tenho
porque ter não é poder.

Um traço se desliga e relega aos assuntos
um outro mais me faz pensar no quanto me dou
Não sei outra estrada, outro caminho de nada
refaz-me o preço doutra fachada.

Estou triste, de facto faço-me triste.
Não há mal nenhum nisso
só esta vontade me move ao ficar contente
depois de dormir.
E conseguisse eu dormir
descansado, sem um prado de partidas que me fecham
e me levam.
Hoje estou bem, estou triste, mas estou bem
amanhã estou o que sou
hoje estou. Quando me lembram do que sou?

Dói-me o peito, não, não é o coração
dói-me o peito. Se calhar fumei demais,
se calhar fui demais o que sou
isso não serve
não é disso que se leva o partido
Eu? Partido? Não, ninguém me levou para aqui
fui pelo meu pé.

terça-feira, junho 15, 2010

Rasgo-te o que quiser.

Não se faça a história por escrever histórias
faça-se a história pela história
por ela existir fechada
dentro de quatro paredes
por existir só na realidade de um
de mais ninguém.

Não se comprove o que se quer
porque não podemos ter o que somos
podemos ser o que fomos
perdidos
deslocados
e apartados.

quinta-feira, junho 03, 2010

Mas que regras, que sofreguidão.

Recuso-me a ter regras e esta é uma regra minha.

Estou farto e cansado de andar sempre de lado,
cai-me a distância e o partido do mais abastado.
Não me orgulho da memória e faço questão de não me esquecer
que é minha a vitória no demais de mais se querer.

Brinco as cartas de veludo,
aos momentos que me mudo
quero só poder contar
um dia a correr devagar.

Farto. Que regras? Que sofreguidão!

Corre o mundo, às avessas
no parvo simples de ouvir
vou direito nas travessas
se simples torto me despir.

Não quero, não sou, não vou, são as regras que me dou
e se não concordas com estas, não faz mal, eu lá vou.

segunda-feira, maio 10, 2010

São muralhas.

Os deslumbramentos fracos, feitos na persistência de ser um só
resume-se na distância parca de querer um dedo dado como nó
e enfim, é vão ir e deixar ficar o desejo para ser uma parto de que anseio
motivações que se partem para quase tudo que algum dia alcançarei.

Deixem que se vomite a vontade
que se parta a verdade de ser um só.

Não há desejo que se faça na saudade
não saudade que se faça para o desejo.

Partimos sós.

O que rebatemos para nos querermos são apenas os bancos do carro.

Eu hoje acredito em tudo, tu sabes que acredito em tudo
mas de um lado vamos até ao outro
a correr, a tocar guitarras e a cantar.

Não quero que seja menos verdade do que o que é.
Não quero que seja mais verdade do que o que é.

Ela, ele, eles, elas, ninguém vem, porque ninguém quer saber
eu não quero saber, ele não quer saber.
Conjuga.

Junto-me a tudo para mudar e amanhã hei-de mudar.
Hei-de estar pronto.

sábado, abril 03, 2010

Prentensioso, quem?

Não me julgo pelo que te deu a parte do meu bocado.
Pretensiosos? Se calhar somos?
O que é um o outro não pode ser
e nas semelhanças nos parecemos mais do que o queremos poder.
Dizem-me agora que é tudo vão
mas necessário. Retorta? Uma parte mais que retorcida.
Pena tenho que não se distorça.
O barulho das guitarras só se faz apartir dos dedos que coçam a cabeça.

Não penses um pouco, vai tudo parecer o que não é realmente
porque a realidade partiu-se em mil duzentas e setenta e quatro irmãos
que se multiplicaram no incesto aceso,
daí se deram mais e mais,
um banda de genética estranha que todos querem mas ninguém ouve.
Não sei que mais hei-de fazer para que seja evidente,
ele quer bater-nos com o bastão porque a mulher o deixou,
outro bate realmente na mulher porque a mãe nunca o largou.
Larguem-se as pessoas para viverem,
deixei-nas comerem-se
porque uma vez será inevitável
mas a segunda só será se cada um se permitir
Alguém veio dizer que era fácil sermos nós próprios?

Abraço tudo, menos tudo o que de tudo me fez, eu.

quarta-feira, março 17, 2010

Lembrei-me do que me doía.

Ontem lembrei-me do que hoje me doía.
Queria saber o que era, que se servia frio.
Não sei que vingança eles planeiam,
que histórias tentam repartir entre os poucos que sobram.
Não sei quantas histórias eles querem dizer.

Há um monte, longínquo, que me diz a verdade.
Lá do cima do seu cume eu sei a verdade.
Mas que verdade pode ser mais reposta
na quantidade ínfima de desejos que se conhecem?
Dizem que não vamos para lá?
Mas quando nos tiram as pernas para andar?

É tarde para saber o que fazer.
É tarde para saber quantos desejos se contam na estrada.
Eu escrevi o que disse e disse hoje aquilo tudo que escrevi.
Para quê escrever o que não queremos dizer?
Qual o sentido?

Vivo alheado do que me é, meu, teu, deles.
Vivo um pouco alheado do que me sustenta e me dá alento.
Mas vivo.
Que coisas poderei eu escrever na necessidade?
Que coisas poderei eu dizer na necessidade?
Que as quero? Que as preciso?
Que coisas há que sejam nossas?
Faz lá o exercício,
que coisas há?
Não me prendas, não me deixes ir, por favor larga-me,
amanhã, de manhã?
Concerteza estarei a dormir.

sexta-feira, março 05, 2010

Os cães virados para o mar.

É, os cães também se lembram, também desejam.
Nós gostamos todos muitos dos cães,
mesmo quando ladram que se fartam e quando não queremos saber deles.
Gostamos especialmente da sua serventia,
da personalidade estouvada que tudo faz por um presente.
Não somos muito diferentes dos cães, nós.

Corremos, com a língua de fora na areia
a tentar conquistar o mar
a tentar agarrar o mar,
a tentar nadar e fazer tudo o que ele nos deixa.
Mas não controlamos o mar,
não podemos prendê-lo nem guardá-lo numa caixa.

O lugar do mar é intocável.

domingo, fevereiro 21, 2010

Perigo de queda.

Não se entende qual a necessidade de placas de aviso.
Não se entende porque fomos nós dotados da capacidade
de perceber o que é certo ou errado,
relativizando a vontade e a emoção que nos rege.

Não se entende porque nos colamos e pisamos em vontades iguais.
Queremos coisas iguais e se nos cansamos de procurar
tentamos tirar as coisas dos outros,
não que sejamos incapazes mas sim por sermos
simplesmente preguiçosos.

Não se compreende de que forma nos ligamos e deixamos ir
para sítios, que nos fazem sorrir mais e ser mais felizes.
A verdade é que só queremos sentir-nos bem,
e isso é o que faz com que todos os meios justifiquem os fins.

Não temos que ser todos iguais
não o somos, na nossa génese.
Mudar é aceitar o que somos e conseguir lidar com isso.

O perigo continua a existir.
Os sinais requerem atenção.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Se na estrada ele encontrasse alguém.

Queria ser bêbado, perdido por acender um cigarro, às 3 da manhã.
Ninguém na rua, nenhum destino, apenas bêbado, a tentar que o cigarro queimasse.
Passar por debaixo dos candeeiros e só por sorte não cair,
desiquilibrado por não conseguir sequer pensar que tenho que me desviar.
Um frio que podia cortar a pele, mas que o alcóol reclama como sendo dele.

Queria ser eu, bêbado, sem nenhuma coisa em que conseguisse pensar
talvez assim fosse mais fácil, desfalecer e dormir,
descansado.

A estrada tem estado tão gelada, tão vazia.
Andar sozinho, ver as matilhas que procuram comida,
os carros que não têm destino.
Onde estão todos?
Todos dormem?
Todos descansam a mente de pensar sem parar?
Que coisa é esta de o mundo parar?
Algum dia parou?
Não continuamos todos?

Queria só viajar, nem que fosse a dormir
Queria só parar por um momento, nem que fosse por cair.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Correr e correr e correr e correr.

Não me lembro, não me lembro
a verdade é que não me lembro.
Não sei em que altura foi,
quem me fez de maneira a não me lembrar.
O entrudo diz que vem, e eu não me lembro quem tenha
o espaço reservado para o outro que chega.
Não me lembro, não me lembro,
a verdade é que nem sequer me lembro
quais as coisas que me deixaram
as verdades que me encantaram
a desejar o que esperava de mim.

Viajei noutra certeza,
desfiz-me em partes de beleza
e não me lembro não me lembro,
a verdade é que não me lembro
de me esquecer.