domingo, outubro 29, 2006

Recortes

Lembram-me as histórias e os impedimentos que me elevam.
(como é que alguém se pode reger agora?)
Lembram-me aqueles momentos e aquelas coisas que vou deixar ficar
ciente de uma outra altura de recordados filamentos de desnecessariedade.

É, é isso mesmo que se vai.
E vai der por onde der.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Perturbadores casos de inocencia legitima.

Os sinais de apatia são de evidente loucura.
Desfaçam-se as teses e as ilusões já escritas.
Os sinais de sôfrega e doentia desdobraram-se em mil.

Parem o trânsito e avisem toda a gente,
não saio daqui enquanto não me derem o que quero.
Parem o trânsito e avisem toda a gente,
mundos dilacerados pela mágoa do Outono não os quero.
Parem o trânsito e digam-me que não vivo
pois quanto menos souber mais feliz serei.

Desliguem-me da tomada, desliguem-me
viver electrificado por aparências absurdas
desliguem-me da tomada
não me toquem na bateria
tenho duração média de setenta e quatro anos.

A minha bateria viciou-se
desliguem-me da ficha
sempre ligado à tomada e por quem me tomas tu afinal?

sexta-feira, outubro 13, 2006

Externato.

Blocos de Cimento.

Nunca antes havia navegado por tamanhos buracos de inócua compaixão,
nunca antes havia sido o estranho ser que se desliga de tudo antes sequer de fazer as ligações
buracos buracos buracos, tudo aqui se faz daquilo que é sem querer
buracos, redacções de buracos, cópias sobre buracos, sobre pessoas que se destroem quando não querem.
E tudo está mal, tudo está bem por está mal e desligam-se as ligações dos buracos pelos buracos que os buracos têm.
Dizem que ver não se vê, que ouvir não se ouve
mas dar dá-se, preocupar preocupa-se.
Não me vais ler não vou aguentar
falo para ti para mim e para mim e para mim e para ti.
Parece óbvio não é? Querer parece óbvio mas só os buracos são óbvio, aqueles que se cravam algures em sítios que não compreendemos.
Vou escrever em verso e em prosa ao mesmo tempo
vou escrever linhas de compaixão de amor e compreensão e não vou esccrever mais nada
porque eu não sei escrever, eu n sei ir e ver, não sei escrever.
Não sei cuidar não sei não sei não sei nada.
Sei que não sei nada
sei que não sei nada
sei que não sei nada
foda-se, só sei que nada sei?!
Não não, enganem-se, n é um simples uso de um palavrão comum e corriqueiro, é uma palavra de alto encalce e enorme significação no meio de compreensão lusitano e em toda a sua realidade.
Venham-se todos a mim eu explicarei um pouco mais sobre a ilusão de vos terem em vós.

Nao.

me fodas.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A visao distorce-se.

Sabes? Quando o peito aperta
o coração desperta-se ou desaperta-se
eu nunca consegui ver bem.
Vou usar duas palavras complicadas: amar, cuidar.

A visão distorce-se.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Olha olha, ves?

É tão giro ver a falsidade de nós a vir ao de cima
acreditar que tudo é tão verdadeiro que só pode ser falso.
Tenho vindo a desenvolver esta teoria,
quando se tem tudo é porque não se tem nada,
é tão absurdo que me parece completamente inquestionável.

Mas, detesto palavras dificeis sabes
detesto ficar bebado e mal disposto
detesto ter indecisões
detesto espaços e falsas considerações.
Detesto que acabemos algo tão puro e nos ponhamos a discutir o de sempre.

Detesto vê-las porque as quero muito.
É sofrer por ter e por não ter
abraçar o sofrer porque sim.
Detesto as pessoas,
porque gosto delas.
Bem, mal, sentido estranho.
Mas...
Percebes alguma coisa?

sexta-feira, outubro 06, 2006

E recomecemos.

Dizem que tudo recomeça ou que nada recomeça?
Não, dizem que nada é igual
mas há rasgos de génio.
Vou fazer duas músicas
bah, dizem eles que há rasgos de génio.
E as facilidades? Não, digo as dificuldades?
Ah? Diz-me lá, e as dificuldades?
E as discussões e os telefonemas incertos?
Ah? Ora diz-me!
Não. Falo de mim, sim de mim.
Porque é de ti que falo.
"De quem?"
Não o vou repetir,
há demasiadas esperanças em torno de tudo
e ainda dizem eles coisas más.
O mundo a cair e eles cheios de esperança.
Acreditas em alguma coisa ainda?
Tens tudo tudo e eu não tenho nada.
Tenho tudo tudo e tu não tens nada.

É absurdo.

Vou-me calar.

terça-feira, outubro 03, 2006

O carro parado sempre esperou por ti.

Deixei-me. Foi desta, deixei-me.
Não estou cá entre estas eloquências. Deixei-me.
Não vais voltar, não vais voltar.
Deixei-me.
Estas estranhas lógicas, este raciocínio.
Deixei-me.
Não era, não era e eu?
Deixei-me.
Não tenho mais nada para escrever, mais nada para dizer, mais nada para fazer
porque me deixei.
E seu eu acredito nisto, neste amor ele um dia volta.
Ele há-de voltar, com uma outra forma, um outro feitio
mas ele há-de voltar.