quarta-feira, dezembro 21, 2011

É.

Na verdade há pequenas coisas de funcionamento do mundo que me deixam irado
pequenas coisas que são as grandes coisas deste mundo.
Há pequenas injustiças que só de grande têm atenção
misérias claras na decoração do seu.
Sim. Entende lá:
a decoração do seu próprio prazer, do seu próprio poder.
Em tanto estamos amargurados
com a destreza dos outros ao revés de nós
que nos vemos apenas e só colados ao infame e distante problema que somos.
Alguém tem mais, alguém doa mais
alguém se faz mais e alguém presenteia mais.
Nós somos sempre menos e temos que ser melhores
talvez de todos os piores mas em tudo os melhores.

Sapiência clara — o desastre.
desastre mundial de grande classe.

Ora sou administrador de uma multinacional
ora sou administrador de um sítio na web
o comportamento é igual: eu é que mando, eu é que sei.
Há sempre ligado um qualquer sentido de prepotência clara
de julgamento legítimo e de poder óbvio.
Será que só para mim me parece desigual?
Talvez sejam só partes e partes
Muitos dirão: alguém tem que mandar
e eu direi que não.
Muitos dirão: alguém tem que liderar
e eu direi que não.
Deêm-me todas as teorias
todas e mais algumas
terei prazer em aprender todas que não saber
terei prazer em ler todas as que já souber
mas sou livre de sonhar ou não?
Sou livre de ser pensante ou não?
Sou livre de o praticar ou não?
Talvez me prendam, talvez me subjugue
talvez me levem, talvez me iluda
mas que mal faz? Que mal tem ser o que eu vejo?
Que mal tem ser o que eu creio, hoje e amanhã e depois?

Sonhas tão pouco, mundo...

sexta-feira, outubro 28, 2011

Minúsculos.

É que são pequenas, as coisas que nos fazem perder
é que são eternas as canções que pequenas nos fazem querer
e mais é só tamanho, no detalhe tamanho de poder mudar,
é que hoje não mudo, hoje não quero
amanhã é que é tudo e o relevo detenho.
Se em mim se partem posições
tudo de mim se dá, nas situações
e os que sabem mais do que o que sabem
não o sabem e escondem-se
defende-se nos quadrados
perdidos e achados
retidos
amén.

Múltiplos rasgos
sumidos estados de ninguém
e outrora dúbios na certeza de saber
começam os espaços escuros e perder só a correr
Mas que mal tem?
A certeza que se tem?
Num período que nós damos
um retiro de centenas de milhar de anos
fazem mais do que somos assim, aqui em mim
porque o mundo é que se desdobra
em sentidos de pele de cobra
que sai e acaba mal
te vejo a sair.

Minúsculos pedaços de si.

segunda-feira, outubro 03, 2011

Vendedores.

Qualquer coisa serve.
Digam-lhes o quê.
Seja noite ou dia
para agora ou depois
todos vendem o que querem
a nós os dois.

Não lhes chega o que nós temos
nem tão só o que nós somos
cobram tudo e levam tudo
em nome da virtude.

Organizam-se em buracos
fazem deles incríveis braços
alimentam as famílias
cobram mil pelas mobílias
Não me mintam.
Há os que são.
Não me mintam.
Errados ou não.

sexta-feira, setembro 23, 2011

Não de aceitação.

Ficar só tem a ciência de toda a parte que me implica.
Sei bem que mundividência vai e mundividência vem
e tudo que vemos no fundo dos copos pode ser vão
de tanto que se é irmão.
Não me deixo assim nem vens agora tu, para o pé de mim
são só pequenos traços, que se relegam à vida
perdida no instante de si.
Relato tudo que me viu e não quero que ninguém se pise
mas não conheço uma forma estéril
que se leve ao colo de ti
e se faça maior do que sou em mim.
No fundo não há quem queira
quem se peça e se deseje
mas no fim o sozinho que estou é pintado de mim
porque tu não vais ficar
para ver.

O que eu já sabia.

Não era o que eu já sabia
era o que ia descobrir
e nunca é o que já eu queria
era o que ia querer
porque brincar de trás para a frente
a fazer passos por diante
é mais um passo a acabar
por morrer.

O que eu queria já sabia que não ia querer.

Ao que retomo por de mim dar
não dou de todo
atirado ao mar, de ar
e podia desfazer-me
por entre lagos de pranto
mas no sempre que desligo
fica a parte do instante.

O que eu quero dizer nunca digo
mas está lá.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Vintenas.

Há, porque há, necessidade
Desfaz-se sempre em saudade
mas há, porque a há.

Não te quero num retiro
num significado,
num abrigo
mas há, porque a há
vontade.

Não é por seres mais do é teu
o que me lembro
deixa lá,
é mais meu
mas há, porque é assim
a verdade.

sábado, setembro 03, 2011

Estou gasto.

Não há um dia que não me gaste
a experiência que se alastre
para outras partes do que é de mim.
Rio-me dos cães na rua
julgo em parte que sou da tua
e o que vem para se virar
são outras doenças alastrar.
Não há um passo que se dê bem dado
cavaleiros simples, cavalo alado
príncipes demais para soldas a menos
aço que se deixa no sentido a que pertenço.
Há fumo em tudo que vejo
sinais de fumo nos pertences alheios
há que rolar à medida que vens
o que me pertence a mim
é só o que tens.
Palavras fossem as que me dão
sentidos fossem os que não são
cansaço desse mais do que é
e me tira-se esta certeza
enquanto estou de pé.
Por meios e meios que me venho
deitado, carente, pois que me tenho
certeza inútil no que se é
menos do que tudo
por ter sido se dá.
Estou gasto, do que gasto sou.

segunda-feira, agosto 29, 2011

Num ápice.

Há uma rapidez estranha no que se nos move
e depressa nos perde para as entranhas,
um movimento simples de emoção
que se desenha perto do peito e dos ossos,
permite verdade e deixa desejo
faz-se motivo a mais no que é certo
e depois tudo deserto.
Não há estrada que dure mais do que é suposto.
Abandono o posto.

terça-feira, agosto 23, 2011

"Céu cinzento.

Corro para apanhar o vento.
Flutuar no tempo,
subir até às nuvens
e sentir a trovoada em mim.

Não devia ser assim.

A chuva pesa,
caio.
E sou cimento.

Quero ser cinzento-côr
sem dôr
Que se foda o amor

Já conheço a lenga lenga de cor."

sexta-feira, agosto 12, 2011

Dia.

De dia mas com luzes apagadas
a deixar que tudo seja parte.
A parte, há parte, não se quer não a deixo
não te escrevo nem me deixo
não te uso nem me aleijo
seguro.
Passaram apólice muito cedo
parti a boca com o meu medo
e fiz-me dois.
Em terceiro cedo cheguei
depois do trejeito não fui eu que me dei.
O que acontece dentro de mim é a noite
e de dia mantemos os passos.
Queremos mais que feitos oitos
mentimos sempre que ficamos escassos.

sábado, agosto 06, 2011

Amor ligado às máquinas.

É por amor ou por vontade?
Pedaços pequenos de humanidade
envoltos em pertenças duma cidade
dentro de todos.

Ficamos presos a outra ideia,
que o que nos dá prazer nos remedeia
o sentido de ter um outro
no motivo de querer um outro

E esta cidade que prende
o amor que a todos rende
desapaixona qualquer um

e se na certeza de uma outra noite
vires o que é teu de açoite
perde-se o fino de mim

eu que sou uma outra entranha
preso espaço, presa tamanha
não fui eu que o vivi

por isso liga o amor às máquinas
prende-o na eternidade
desfaz o fim de verdade
ou o pouco que resta de ti

a levar porrada é mais duro
o que prende cá fica contra o muro
e para que amor se dê agora
ou perdes tudo ou vais-te embora.

quinta-feira, julho 28, 2011

Olha em frente.

Ouviste?
Olha em frente.
Não há nada mais que eu possa dizer senão que olhes em frente.
Toda a gente se há-de desfazer em explicações
mas tu, olha em frente.
Há milhares a serem felizes
só tens que olhar em frente.

Não há uma única coisa que te faça infeliz se olhares
e pensares e perderes a noção do que queres
ao olhares em frente.
Mentes por olhar em frente
queres por olhar em frente
e não há nada que te diga não
e há tudo para te deitar ao chão
mas olha em frente.

Que desperdício, quem caíu.

segunda-feira, julho 18, 2011

Se calhar já não.

Já não adoro o que gostava tanto
e perder o tanto é mais que muito.
Já não quero o que queria tanto
e na vertigem de me desiludir não fica o resto.
Já não escrevo o que escrevia tanto
o que me rebenta é mais do que o que começa
e ter a vida toda para o que vai
é mais do que fica ao que vem.

Tenho tudo por não subir
e voltar atrás perder e ir
nada se perde quando não há razão
se é de todos é só o que são

Milagres pequenos
vidas estreitas
o mundo avesso
e as estradas nunca foram direitas
posso nunca mais e o que é é só demais
não quero pontuação
o que é meu é teu e não.

quarta-feira, julho 13, 2011

Vá lá.

Ainda que não sejamos parte uns dos outros
somos parte uns dos outros
e se não nos interessa
não tem que interessar de qualquer maneira

Se tenho dois olhos e boca e nariz
posso ser tudo o que ela quis
ou não ser nada
a relatividade é tramada

E o que me prende a respiração
me faz andar torto
de balcão em balcão
é outra coisa
perdidas rotundas deixadas ao ar
termos difíceis só para decorar
e lá vamos
um dia atrás do outro
a rir e rir e mais.

Vá lá.
Somos todos.
Vá lá.
Vamos todos.

domingo, julho 10, 2011

Ridículo.

É ridículo que me ames da forma que não se faz
ridículo que os amem por tudo aquilo que vem atrás
eles querem outra coisa: desejo, poder, da ambição
e perderem-se no credo é perdido de razão.

É mais fácil outro atrás
dar-se no prédio do motivo
dinheiro perde fácil ao que dás
eu sou sozinho, sem abrigo.

De quadra em quadra a lutar
escrever partidos sem parar
heis que tudo há-de acabar
para um pensinho começar.

Vai-se atrás ao que se deu
perde-se o mais que não sou eu
e ela que dança sem parar
oh motivos a convidar

Não me prendas que não sei
não te dês que não creis
e agora para o de tudo
vem a parte do entrudo

Carnaval para acabar
motivação e deslumbrar
e o sentido de prometer
é pensado para não querer

Um dois e mais
a vontade dos teus pais
para sempre nos jornais
vontade é feita, sempre a mais.

Escrever para cantar
cantar o céu e afagar
um beijo, só um para acabar
ir embora é começar.

sábado, julho 09, 2011

As caras bonitas.

De noite ou de dia deslumbre que é mais
uma cara bonita perde a riqueza dos casais
é um jogo a certeza, acaba a música e enfim
está na nossa natureza
ver televisão e assim.
E de dia num concerto
exibe-te grosso
põe a mão no sítio certo
vais ver que logo tudo acaba
para mais depressa começar.
Eu não sou magro forte cedo norte
queria ouvir algumas histórias
daquelas de encantar
e se me agarrasse pele pescoço
e me quisesse para partir
talvez o parto fosse o esboço
de começar a sorrir.
Temos sede da vontade
vontade de mais poder
é simples e toda a gente sabe
mas é preferível continuar a correr.

terça-feira, julho 05, 2011

Podia saber.

A inutilidade do ser podia saber
que não é aqui que se fica a querer.
Não se deseja, porque desejar é forte
querer é mais importante que a morte.
Migalhas dos restos miúdos que ficam
e parte do simples é tirar os que mentem
e mintam-se as partes que se querem para lá
escolher as palavras é moda que não se me dá
Arcaico poveiro, querente ralé
deixa-se o dinheiro, vou-me embora a pé
se o copo deixar ainda faço uma amiga
deixem-me lá ficar, é só um pouco de comida.

E ele diz e ele quer e ele vai e ele vem
e ela parte e ele fica e ao que sabem é mais ninguém
e o amor que nunca acaba acaba sempre por acabar
e eu tenho uma bisnaga e talvez tenha que a usar.

terça-feira, junho 28, 2011

Isto é...

Acerca de nada, que isto é.
Acerca de que é que nos podemos cercar?
Acerca de nada, isto é.
Uma vírgula e um passo,
um padeço retiro de um pequeno maço,
em rima.
E se sair de cima?
Perderam-se as luzes porque eu só sinto dor.
O que sinto é talvez a dor de poder
e não poder tentar o que é algures uma dor.
Não há como parar de pensar
o mundo a deslocar-se devagar
e tudo à volta estranho, a parar.
Talvez um estupefaciente qualquer
a dor perdida de uma mulher
a parar, a fazer parar e calar, devagar.

Não há uma frase, um deslize, um descase.
Escolher e decidir, sem olhar para trás
é como esquecer e partir
o terrível acto de abandonar.
Morrer, calar, talvez tudo junto a tenir
e o que se espera do mundo
é que nos deixe sóbrios, a rir?
Ébrios? Bêbados? Talvez a passar o de vir
e a gritar o polir
e a amar o de ir
com si, sem mim e a gostar de sorrir
preso enlace
começo de espaço
braço e embaraço
e outra vez a rir
no clássico fulgor
de partir
e vir
e ir
para lá
de cá
amanhã
e hoje
querer
um molde
e que me deêm folga
para amar
agora
e hoje
poder
sem pejo
amar e dar
falar arcar
dois
um
zero.

quinta-feira, junho 23, 2011

Graves, os dias.

Um após o outro.

O sol está cada vez melhor,
nem o vejo
e à noite, na parte melhor de ti
revejo-me.

Se existe, no fundo de um copo, uma verdade
é tua, porque no fundo do que sinto é dois.
E um que vem e vai e outra que faz para lá
e todas que passam frias
quentes, juntas, despidas e vazias
a todas se quer, a todas se dá
e se me gritam uma parte de lá
que se fodam, vou para onde quer que ela vá
atrás, ao cheiro, perdido no bonito do desejo
nem que acabe depois de uma hora
que se feche tudo e ela se vá embora
vou, ao cheiro, perdido no realejo
do que as músicas contam e cantam e nos dão de melhor
hoje do bom, ontem de tudo, amanhã de nada.

sábado, junho 18, 2011

À volta, é mais à volta.

E é. É mais à volta que dói.
No núcleo continua tudo virgem
por desflorar.
Talvez um toque, ou um vislumbre,
mas é como os artigos de expositor.
Se calhar já desvalorizou,
talvez esteja como aqueles artigos com defeito
talvez vá para trás.
talvez nada.

É mais à volta,
à volta do que dói
que se fica para se perceber
e nunca se entende nada
quando dou por ela já acabou.
Não adianta perder tempo
não adianta conceber a espera em pilares de guerra
não interessa nem importa.
Qualquer etiqueta há-de servir
e mais tarde ou mais cedo ficas só ali
para ser, comer e acabar
por deixar de mudar
e querer andar só mais um dia
atrás do outro.
Deixa de importar que se fiquem ou que se vão
que te tirem ou te toquem na mão.
Pouco importa.
O amor acaba, tal como todos nós.

domingo, junho 12, 2011

Gosto-te.

Gosto-te mais na cama, inatingível
deitada, nua, na cama, destemida.
Gosto-te mais quando não tenho
não quero e não vejo
e se é parte do desejo, voltar ao mundo
o retrato do segredo desfaz-se de futuro.
É batido de começo, simples endereço
para saber de onde vens, onde estás
quantos tens
o que importa vai para lá,
esquece-se a parte mais importante de si
e recomeça-se noutro tom. Talvez em mim.

As sombras segue-me para sempre
o sol que brilha já só me mente
à noite é escuro e o que tens é teu
migrar para longe é coisa de plebeu

Mais a mais, não quero fazer
mais a mais, não quero ter
o que é mais, a mais é só foder.

sábado, junho 11, 2011

Para pára.

E o tempo que levamos a pensar no que vai dar
e depois no que nos perdemos para dar tudo
tão devagar
e gerir e parar e começar a pensar
quando se vai andar
e depois no ar a verdade de tudo a perder
e somos o querer
não no que queremos ser
e dar e perder e correr e depois logo morrer
e renascer e recomeçar e andar e parar
tudo para pensar mais depressa ou mais devagar
no recanto do que se diz teu
e depois que afinal é meu
dares-te todas as horas
e acabar logo depois, sem demora.
Tudo acaba.
Mas recomeça e retrata de novo
o que não é mau e bom, na verdade
novo fôlego na saudade
nova distracção de qualquer coisa que arde
mas não dói nada e só dói tudo
no quer que não quer a vontade de ser.

Há doenças piores, não há?

Para pára para pára que é para parar.
Já disse o que era e dizer não é nada
já fiz o que era e fazer não é nada
a merda do que mói, dentro do corpo
e o calor que se sente, por dentro do corpo
e já disse o que queria e não quero falar
não digo mais nada e não me vou alongar.

O corpo é um espaço, o corpo é um espaço
o corpo é um espaço, o corpo é só espaço.

quarta-feira, junho 08, 2011

Não, é sinal de negação.

Não me acredito em nada
em nada do que dizem
o que se faz na estrada
caminho dos poucos que ousem

recobro é de todos
e de todos a lembrança
pego-me à porrada com iodos
porque na praia não resta esperança

um final que termina
e onde começa o final
tudo começa e acaba
são prendas e firmes passos
até ao recomeço do mal.

Não não e não. É sinal de negação
peço, páro porque não dou
vou e quero o que não sou.

segunda-feira, junho 06, 2011

Esperar, é.

O que se espera de quando não se espera?
Espera-se que não se espere
desesperar o que se espera
porque na verdade não se espera
esperar nada.
Brincar às palavras
aos sentimentos mais esperados
pintar coisas vagas
e não colher resultados.
É o que se espera de dar
não esperar.
Depois do ar há sempre alguma coisa para nos parar
e deixar de voltar ao que há, no precisar.

É simples:
ninguém precisa de nada
e precisar tudo é não precisar nada.
Desta brincadeira
jogo fácil, como jenga de madeira
mudamos as bagagens e sonhamos a noite inteira.

O que se espera para esperar?
Deixar que o mundo mude devagar
e ele não muda.
A parte de lá, que fica surda
no mudo de escrever
na fala de não ter
o que esperar.

domingo, junho 05, 2011

O tempo demais que se ocupa faz perder o sol de vista.

Mesmo num dia lindo, podemos ficar, inertes, à espera que melhore.
Não se diz nada. No silêncio fica-se melhor que calado.
Janelas sem cortinas podem ser o ideal
ficar deitado no chão, à espera de ti,
nem que seja até ao natal.
Não sei o que é mais, o que me ocupa num senso
amanhã de certeza que passa
e de ti, já nem me lembro.

O sol gosta mais de mudar
e o bem que faz pode sempre acabar.
não se prende ninguém com o que se quer para nós
dá-se mais do que o que se tem quando só se ouve uma voz.

sábado, junho 04, 2011

Não sabes?

Ela um dia quer saber
no outro já diz como se não dissesse nada.
Que mais dá que esteja grosso
ou que o que se faça seja uma entrada
retorno vindo da letra lestre
e o que me disse foi apenas piada
não interessa se és correcto ou parte
o que interessa é que sejas nada.

Ela não quer um rosto certo
apenas um dia, um entretém de fada
não te faças peso no rasto
sê um acto de modo raro
se nas palavras te fizeres regalo
logo te liga ou te quer em casa
como és tu no meio do falo
ela não quer
nem se faz rogada.

Senta-se ao teu lado
acende-te o que queres
levanta-se e vai
perto do que esperas
deixa o que foste
ficas para querer
ela não te quer
nem a correr.

quinta-feira, junho 02, 2011

Que estorvo.

É que qualquer coisa serve
qualquer coisa dá
qualquer coisa se pede
e o que há, não há.

Vejo os ecrãs e as pessoas
o sentidos das pessoas - que mudaram.
Vejo-os, ouço-os,
sei de tão pouco que tanto me estorva
e é só aquilo que incomoda
que mudamos.

Simplismo deteriorado
quem quer ficar só ou tão somente parado?
Como vai e vem a vida
se ela pára, à descabida
e dos que querem ser por crer
são impelidos a recorrer.

Não, sim e em quê?

Sai comigo
vamos ver a rua
deixamos os telefones
talvez possas fitar comigo a verdade,
crua
e não precisamos de ser
o que é tão simples saber
podemos comer o mundo e ficar,
só um segundo.

segunda-feira, maio 30, 2011

Mas de raiva que escrevo e digo.

Bem sei, é terrível.
É terrível ser aqui, um existencial
à beira de um ataque que de nervos só se enerva.
Não importa, porque de cada um nasce o seu
mas o meu é só daqui, para mim, no meu.
Despejo incarentemente, se é que existe encarecidamente.
Invento, faço e desfaço o que quero
para mim, porque é só assim.
Não é permitido abusar nem esfumaçar
senão o que eu quero.
Comigo só se fumam amarelos,
dois cigarros de cada vez,
uma cerveja em cada mão
e o whisky, para dar tesão.
Não te cales e cala-te para sempre
eu não quero ouvir nada senão o que eu digo
o que eu conto e o que eu sigo.
É só meu, meu e meu.
Hei-de ficar doente pelo que sou,
demente.

Não me escrevas porque depois da noite só quero o cheiro
aquele entranhado, cheio de tudo menos do contra, a meio.
Escreve-me vírgulas e monta, só.
Eu leio o resto, no meio do sexo e do exercício do meu dote destro.
A comer é à esquerda, mas a foder é em frente.
É sempre pela frente, que me fodem e me querem.
Sirvo de tudo,
sou como uma multifunções.

Quero multifunções para uma só coisa:
Amor.

domingo, maio 29, 2011

Se eu soubesse.

Se eu soubesse não dizia
Se eu soubesse não fazia
Mas tudo o que eu queria
Era mais do que se desejaria.
não há uma coisa que não se tenha
Nos desejos estranhos do que se entranha
E melhorar uma outra idade
Não é mais que mudar de cidade.
Ele diz que nem tudo se vê
Querer o demais é exigir coisas a três
E ela ir-se de isenção
Perdoa-se aqui
Mas noutro espaço...

sábado, maio 28, 2011

Pois.

Olha, é como se sabe.
Um dia diferente do outro,
mesmo quando os sinto todos iguais.
Acho que estou doente
ou se calhar é só por ver doentes.
Não sei. A televisão devia estar desligada mais tempo
o computador parece sempre o mesmo
jogos e vitórias
perdas e ganhos que em nada se assemelham à realidade.
O que me pergunto é 'onde está a verdade?'
Será que existe aqui algum fundo de verdade?
Pouco importa.
Por dia trocamos mil imagens
dentro de mensagens
e no fim só interessa que saibamos
o que não sabemos
porque ninguém se esconde atrás da verdade.

segunda-feira, maio 23, 2011

Auto-motivação.

Os re's são sempre os mais importantes.
Na revolta revê-se o mais importante motor da mudança
No retorno a principal fonte de motivação (triste)
No que se dá para se receber (o conceber seja mais importante)
Torce-se o que não interessa.
Nunca se dá para se receber
E se o é (como eu o sei)
O mundo é pequeno
Pequeno da sua pequenez
E mais não sei.

Dizemos tudo. Somos os maiores.
Falamos, contamos, perdemos, e reescrevemos tudo o que nos apetece
Porque o que importa é crer, fazer crer
O resto? O resto morreu.
Ou se arrasta um monte e se dá em troca ou o monte não se arrasta.

Por isto saudamos os 60. Sem saber tudo se moveu, ao amor livre.
Mas pinta-se a manta da desgraça
Da realidade pútrida e destruída
Das mentes insanas
E quantas mentiras mais quisermos sobre a verdade de uma outra coisa
Maior.

Admito que não sei falar de nada e que a voz que me deram
É apenas a voz de pouca significância
Mas ainda é bom ser inocente e ingénuo no dar sem pensar no que vem de volta
No ser tudo o que o mundo não é (senão em alguns).

segunda-feira, março 14, 2011

Poema.

ComTexto #01
Faixa 7.
BitRadioRecords

Download
http://www.bitradiorecords.net/catalogo_comtexto01.html

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Corda.

Vitória, disse ela, de trunfos na mão
não se via nada, só tristeza e desolação

Nunca quis, em tempo algum
que se desse à perdição
mas ela sabe e há-de ver
na palma da mão.

Forjam-se palavras, desejos e emoções
ela diz que quer que a abras
há sentido pois, teve premonições

Mas na verdade, amor que quis
no seu íntimo dobra-o em mil
pois se um dia se desfizer
estarei com lobos, no seu covil.

Mas e agora?
Que partes me fazem?
Sem o teu amor,
que partes me fazem?

Na migração heis que vens
és tu e eu.
Na migração heis que vens
és tu...

sábado, janeiro 29, 2011

Sobre coisa nenhuma.

Se sobre coisa nenhuma fosse fácil eu escrever
assim o faria
diria o que coisa nenhuma quero dizer
na entrada da confraria.

Nos desejos dos pequenos me revejo no que é mais
e me quero aos retornos do que para sempre me vais.

Fazes o que não fizeste
aborreço-me do que se diz
e se fiz coisa alguma
foi porque sempre o quis.

Ele não vai
ele não vem
se ela foi
não é de ninguém
e o que tenho ainda sei
no que desejo parte
desejo tem.

Fui, sobre ninguém
refiz-me
sobre ninguém
E quem vem agora?

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Rotura.

Podes dizer que é fácil
até que se desdenha o que não se tem e quer
recomeça-se quantas vezes se quiser
recomeçar no que se quer acabar e tornar andar.

Não há mais por onde andar
por onde querer andar
não há mais
e ainda assim insiste-se em continuar
o que se espera acabar já.

Não não não é o que é que se quer no que se quer dar o que se espelha em tudo que é
Sim, não é o que é no que se espera no que se quer daquilo que é para ser tudo.
Não pode ser o que é se for o que é na verdade
não se pode dar o que se dá
não se pode
não.


E o fruto que colhi é maior do que eu possa carregar
e prefiro voltar ao não voltar
ficar no não ficar
ir e voltar
e andar.

Mãe, Pai
é isto que eu sou.

domingo, janeiro 23, 2011

Milagres.

Hoje queria falar sobre milagres.
Sobre o que esperamos que de tão extraordinário aconteça e que sabemos,
no nosso âmago, que nunca irá acontecer.
Queria falar daquelas coisas pequenas que nunca acontecem.

Já vivi uns quantos milagres. Mas antes entenda-se:

"milagre
s. m.
1. Facto sobrenatural oposto às leis da Natureza.
2. Portento, maravilha, prodígio."

O que me prende um pouco mais:

"A expressão “lei da natureza” é metafórica dado que não se trata de leis no sentido literal do termo: não são como as leis do código civil, por exemplo, ou do código da estrada. As leis, literalmente falando, distinguem-se das leis da natureza por várias razões, mas uma delas é central: a direcção de adequação é oposta. Por “direcção de adequação” (direction of fit), os filósofos querem destacar uma diferença fundamental."

Portanto continuamos iguais.
A verdade é esta. Vivemos na constante adequação de algo que não compreendemos
e para conseguirmos adormecer, todos os dias, estafados,
temos mesmo que guardar estas conceptualizações.
Mas hoje só me interessam os milagres.

Há milagres que se contam, que aconteceram comigo só

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Vem tudo numa caixa de cartão.

Chega a casa,
vem depois
não deixa nada
dos dois a dois
destroí um pouco
reclama mais
não há quem diga
quem são os quais.

Numa paranóia
feito quatro em tudo
não sei quem me leva
o sentido absurdo
e se me mudarem de cadeira
se me pedirem para a dar inteira
eu minto
porque o que é meu
é dentro do sim.

Diz que vem tudo dentro de uma caixa
é só recolher
depois mais tarde vê-se.