domingo, junho 27, 2010

Ruma.

Hoje o desejo passa-se devagar.
Perdido, deitado ao escuro,
moendo o que demais se dá.
As folhas perdidas para o chão
memorizam o que se dão:
um grande conjunto de recompensas.
Não levo muito do enorme que tenho
porque ter não é poder.

Um traço se desliga e relega aos assuntos
um outro mais me faz pensar no quanto me dou
Não sei outra estrada, outro caminho de nada
refaz-me o preço doutra fachada.

Estou triste, de facto faço-me triste.
Não há mal nenhum nisso
só esta vontade me move ao ficar contente
depois de dormir.
E conseguisse eu dormir
descansado, sem um prado de partidas que me fecham
e me levam.
Hoje estou bem, estou triste, mas estou bem
amanhã estou o que sou
hoje estou. Quando me lembram do que sou?

Dói-me o peito, não, não é o coração
dói-me o peito. Se calhar fumei demais,
se calhar fui demais o que sou
isso não serve
não é disso que se leva o partido
Eu? Partido? Não, ninguém me levou para aqui
fui pelo meu pé.

terça-feira, junho 15, 2010

Rasgo-te o que quiser.

Não se faça a história por escrever histórias
faça-se a história pela história
por ela existir fechada
dentro de quatro paredes
por existir só na realidade de um
de mais ninguém.

Não se comprove o que se quer
porque não podemos ter o que somos
podemos ser o que fomos
perdidos
deslocados
e apartados.

quinta-feira, junho 03, 2010

Mas que regras, que sofreguidão.

Recuso-me a ter regras e esta é uma regra minha.

Estou farto e cansado de andar sempre de lado,
cai-me a distância e o partido do mais abastado.
Não me orgulho da memória e faço questão de não me esquecer
que é minha a vitória no demais de mais se querer.

Brinco as cartas de veludo,
aos momentos que me mudo
quero só poder contar
um dia a correr devagar.

Farto. Que regras? Que sofreguidão!

Corre o mundo, às avessas
no parvo simples de ouvir
vou direito nas travessas
se simples torto me despir.

Não quero, não sou, não vou, são as regras que me dou
e se não concordas com estas, não faz mal, eu lá vou.