sábado, novembro 29, 2008

Partido.

Partiram-se as partes pintadas da redundância teimosa.
Estou parvo, entregue ao meu destino
lutando por dinheiro fino de se poder dizer mais.
Não me deixo à lembrança,
ao passo que a esperança se desloca em mim
e sou apenas cego, surdo de agoras e mudo do futuro.

Não me pintes o costado,
estou apenas amargurado duma outra que não me vê.
Deitei-me ontem à mesa,
pés assentes naquela perda
mas com outra maior certeza
não abdico de ti.

É fácil o estado laço
fugido do embaraço
de deitar tudo a perder
mas outrora eu nunca mudo
vou confiante no mais que tudo
e que se foda o que doer.

terça-feira, novembro 25, 2008

Semblantes são distracções.

Ora se se retratam as lembranças e nos traçam todas as capacidades de podermos ir mais além, e se ainda depois disso nos reluz a vontade de ir para mais longe do que algum dia fomos, porque não ir?

Nós não nos sabemos rir.
Não sabemos dizer coisas simples e sorrir.
Nós não sabemos ir.

Macambúzio olhar soturno,
estranho corpo que se arrasta,
tanto desuso.

Eles têm mais trinta vidas do que eu.

Os destroços do passado são a vida no presente,
se me conbtinuas, alado, nesta insistência de outrora,
vou ter que te deixar, depois da hora.

Não me assaltes a mente,
não te desligues da sombra do feliz impaciente.
Há poesia que leio,
textos fracos que leio
outras obras que leio,
mas foda-se, não te leio.

Vá-se num pé de lembrança pura
venha-se a estátua que um dia me atura.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Circular.

Todos ordeiros, um atrás do outro.
Não há ninguém no lugar do passageiro.
Só eu e os cigarros de sempre.
Uma curvatura estranha que se assemelha ao revigorar do que me reluz aqui.
Há uma conformidade absurda em não nos conformarmos,
uma conformidade de achar que a única forma de não nos conformarmos é
conformando-nos.
E caí.
É como quando um matulão nos faz peito e sabemos que vamos cair a qualquer altura.
Braços para trás, para amparar a queda e os olhos que só se fecham no instante em que batemos no chão.
Tudo o resto vemos.
Quem nos bateu, quem vem para cima de nós para nos continuar a bater.
E a opção é nossa, ou reagimos e tentamos ripostar
ou iniciamos uma violência redobrada
na culpa de não termos a estrutura física de quem veio para cima de nós.
Ainda assim podemos perder.
Ainda assim certamente sairemos bem partidos,
mas ripostamos.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Dores crónicas.

Há dias em que sentimos o calor que se atravessa no frio da nossa vida.
Não importa se a vemos mais acima ou abaixo ou até mesmo pelo centro da gravidade emocional
importa antes o que vivemos nela.
Não há coisa alguma que possa ver porque tudo terei mais ainda para olhar.
Não adianta pedires ou pensares, o que é é o que é, do que foi.

Eu ouvi os gritos, eu vi as pessoas, eu fiz a distância,
não exactamente por esta ordem, mas vivi-a em mim.
Espero que estejas bem, nesse outro lado desconhecido,
espero que te recebam bem, que a encontres um dia diferente deste.
Espero que nos ouças a rir e a chorar tudo que foi
mas a puta da dor de ires embora há-de ficar.
E se a vida eterna é a perpetuação da memória?
E se o Alzheimer nos engana?
E se noutro dia for mais fácil e no outro mais difícil?
E se realmente o ser humano tiver razão um dia?

Não há dor igual a esta, porque não há ninguém igual a mim
hei-de dizer tudo e mais o que viver.

E se viver a vida eterna for deixarmos descendentes?
E se tudo que dizem for verdade?
E se for tudo mentira?

Ah, porra.
Porque nos perguntamos tantas vezes do que andamos aqui a fazer?
Os óculos de sol, as calças da moda, a posse infindável.
O sexo, o ardor, a doença, o pudor, as discussões,
as lembranças, o partido olhar da indiferença.
Dói tudo.

Gostava de falar a todos, de dizer a todos desta indiferença,
esta indiferença colectiva de ser mais qualquer coisa que não se é.
Que dom? Que trabalho? Que noite mal dormida? Que vida mal vivida?
Que morte? Que choro? Que reentrância cá está?
Que buracos abrimos? Que perguntas fazemos? Que dias duramos e perduramos?

Descobrir como amar é mais que viver ou morrer, é tudo junto,
é cada bocadinho de vida que temos e cada bocado de morte que conquistamos.

Amo-te, mas já foste embora.
Se depender de mim a tua vida eterna, assim a terás, cada dia, num dia.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Segue-se o prato principal.

Todos os dias somos aquilo que não fomos nos outros dias.
Querem-se todas as coisas de uma só maneira.
Detestamos que nos pisem e amassem,
isso fazemos nós a nós próprios.
É melhor, mais doloroso e bem mais, mais.

Não houve um dia que não pensasse que não o pudesse fazer
mas esses dias desdobram-se.
Odeio, odeio
hoje sei o que significa.

Nunca antes foi ou será o que é no detrás.
Não se façam as memórias de uma fútil futilidade.
Querem-se maiores e mais fortes
a dormir descansadas
sem espaço para poderem reflectir as vezes necessárias.

Foda-se, não adianta ser exactamente o que queres
pois a utopia irá corromper-te até ao fim.
Pára a necessidade do desprezo porque certamente irei mais longe
amanhã.

Hoje quero que se parta em dois
amanhã já não
hoje não parte.

terça-feira, outubro 28, 2008

O desmembramento.

Ela mostrou-se imponente e relutante em querer o que adiante se via querer mais.
Não havia uma frase ou uma casa que juntasse aquela asa ao demais.
Não me faço. Não me vejo na montanha, atrás daquela jovem estranha
que se prende no olhar.
Outra vida se desfez numa vontade, perdida com o peso da idade
de querer tão só crescer.

Esta rima do casal, que tanto se torna habitual,
que se desliga do princípio e se pára no não ser.
E confundir não é mais que querer viver
andar à procura de querer ter
porque no que sente não mais se vai.

Retrata e canta o espaço da manta que mais um dia se viu
vem agora, tão devagar, passa a ser o espaço de se dar e de voltar ao que se riu.

Mostra, faz a tua emenda
todos temos esta comenda
e sabemos onde vai acabar.

terça-feira, outubro 07, 2008

Grave.

Talvez precise de um psiquiatra.
Talvez precise de dias a fio a idolatrar o meu corpo.
Talvez precise de horas ao espelho a pensar no que sou.
Talvez precise de ti.
Talvez precise de mim.
Talvez me digam o que está mal comigo.
Talvez eu aceite o que está mál comigo.
Talvez venham dias e dias sem parar e amar.
Talvez seja a crise.
Talvez outro dia eu escreva com mais orgulho.
Talvez outro dia me desmonte com mais facilidade.
Talvez outro dia faça sorrir.
Talvez outro dia me desfaça a rir.
Talvez seja o dia de mudar.
Talvez seja a hora de querer ficar.

Não me vou porque quero o que sou na vontade de querer
e vontade de dizer que não são assim as coisas
sem vírgulas e sem desejos que se querem agora
e amanhã e depois
e as justificações de se mudar
e as considerações do querer mais
quero quero quero quero quero quero
o quê?
de quê?

Não há gravidade nenhuma numa situação grave
é tudo uma questão de interpretação, manipulável.

domingo, setembro 21, 2008

Reentrâncias.

Não há maneira de tirar aquelas pequenas coisas que odiamos em nós.
Não há maneira alguma de conseguirmos corrigir o que fazemos todos os dias,
religiosamente.
As rotinas sabem-se bem dentro da boca e das palmas das mãos,
simples, deixadas a correr como simples restos de pele
que se acumula por cima dos móveis.
Não vejas as coisas absurdas que há na repetição,
por favor não me vejas agora, neste sufoco
porque a vontade diz-se maior de se querer
é perferir isto de se dizer por de cima de coisas estranhas
e não me faço novo
faço-me novamente a uma melhoria imediata.

Liga-me os in's e os out's.

terça-feira, setembro 09, 2008

Por nada se escreve a vida.

Talvez a brincadeira incauta de se querer dizer tudo o que se faz
seja um passatempo, mero hobbie que desfaz os retalhos das recordações boas.
Odiar um caso de desespero restrito ao corpo é um ligeiro ataque de pânico
na conformidade da beleza escura.

Não te olhes à luz por entre as escamas de um animal raro.
Canta o declínio da vida,
esta vê-se, nas entranhas do podre poder.
A desilusão mascarou-se e saíu à rua.
Não pôs vírgulas e trocou a exclamação.
Morreu!
Deixa lá.

Talvez a verdade seja sempre mais reconfortante,
por ser verdade, não realidade.
Como se faz para voltar ao que não se teve?
Como se faz para andar sozinho na neve?
De par em par desfazem-se as multidões,
odeiam-se os corações.

Estou a aprender a fazer amor.

domingo, setembro 07, 2008

Se há? Claro.

Vou à merda, volto já.

Bom, começa sempre numa altura qualquer
faz-se inútil utilidade porque nos preenche
dá-se à vontade de querer ter.

Não é assim tão relutante o ser e o querer.

Eles às vezes dizem coisas que não entendemos,
outras vezes fazem coisas que ainda menos entendemos,
mas de que nos adianta? Se não somos eles que adianta entendermos?
Só nos passa a interessar mesmo quando interajem connosco.
Mas onde vamos nós nesta estrada pequena trilhada por outra pessoa?

Ele deixou-se sujar todo, fumou cigarros com ar de quem queria morrer,
desesperado recorreu à mulher, vezes sem conta, para lhe perguntar alguma coisa que só eles sabem.
O cheiro era insuportável,
ninguém conseguia lá estar
mas no fim, mesmo antes de vir embora, olhei
Estavam os dois, lado a lado.

O que faz uma vida ser a certeza da vida em si?

terça-feira, setembro 02, 2008

Se gira refaz-se.

Uma outra vez soube que querer o que não se tem
não é muito mais que ter o que não se quer.
Não me julgues ou cobres a vida que não quiseste
porque ser, sim, ser, é bem mais do que o que se vê na televisão.

Os dias de outros preenchem-nos agora os pensamentos inúteis.
revemos vezes sem conta, nas nossas cabeças
a maravilha de podermos passear numa qualquer festa
envergando um troféu simples e bem adornado
(pega o dedo).

Estou ferido de piadas fáceis e frases feitas.
Dói-me uma coisa qualquer que não sei,
é como se a minha revolta se estendesse a uma parte obscura do meu ser.
Tudo se levanta consequentemente.
Há uma qualquer dor que se deita junto a mim para que a possa afagar.
Não mais me digas coisa nenhuma como se fossem coisas muitas,
não mais se fará a vida do retiro espiritual
porque agora é mais que normal.

Podem-se contar coisas no céu, no ar,
mas não se conta a vontade de gostar.

terça-feira, agosto 26, 2008

Afinal existe uma luz que nos encandea.

Não haverá mais espaço para exultação.
Mais espaço para requerimentos estranhos e explicações eternas?
Não.
É verdade, as coisas desmontam-se tristes e desejosas de mais vontades puras,
factos que se provam falsos por sabermos a sua verdade apenas dentro das nossas mentes.
Não posso continuar a viver na mentira de me explicar o porquê de estar como estou.
São lembranças de tanto que se constroem no muito que é a vida agora.

Dias e dias de pavor extremo, que não hão-de ser apenas um mero passado,
todos vivemos no medo de viver,
não se iluda o terceiro que leia este texto,
no entanto é perfeitamente concebível a enormidade de um sentimento tão puro como o que acabei de perceber.

Não se lancem os foguetes (há sempre quem os lance, não sei porquê).

Vivemos na eterna busca de algo que nunca admitimos que encontramos,
nem que todo o nosso ser esteja a exultar de alegria,
podemos sempre arranjar maneira de a abafar, quem sabe até de a sufocar.

Esperança faz-se por entre o relevo da nossa carne húmida pelos dias de calor intenso
e queremos os dias com um pouco mais de incenso,
não vá isso perturbar-nos os sentidos e fazer-nos felizes por sabermos que somos queridos.

terça-feira, agosto 12, 2008

Outras partes de tudo.

Recortam-se as partes excedentes de um retrato abundante de lixo.
Mais papier-maché para fazer mais formas de querer.
Não me deixes ser só eu no que sou dentro de mim.
Falar para dentro é demais o que se quer sempre.
Não me deixes ver aquilo que não vi e não quero ver.

Falar, pensar no que falo dizendo o que fiz pelo que fiz dizendo que não fiz
revela-se uma tarefa que por demais se há-de desdobrar em vinte partes iguais
que se farão outras trinta mais, multiplicadas por umas outras cem que se farão
sem qualquer sentido.

Não se faz o que não se fez porque nunca se há-de fazer.

À noite tudo parece mais calmo,
os cães já não ladram tão alto e o silêncio já não berra aos ouvidos.
Agora ouve-se um pequeno burburinho.
Quero saber o que dizem,
vou vê-los mais de perto.

quarta-feira, agosto 06, 2008

As lojas dos mil ofícios.

Visitei, outra vez, quinhentos espaços que me lembravam de ti,
explorei as entranhas dos sonhos e disse-me forte o suficiente para continuar a tentar.
Não, advérbio de negação.
Disse-me forte o suficiente para não voltar a tentar.

"De onde vêm estas coisas que me berram aos ouvidos?"

Os corredores eram mais estreitos do que o que me lembrava,
não havia tralha alguma que me impedisse a passagem à minha ida,
mas no caminho do volta só por sorte consegui evitar ficar preso
no meio de pilhas e pilhas de recordações.

As vontades são apenas coisas, como mesas e cadeiras,
as vontades são como cervejas servidas em pequenos copos de plástico,
as vontades são como os cigarros,
acabam depressa.

Emoções, sentimentos, ilusões, vermes pestilentos.
Não me vou fazer mais ou fazer mais alguém ou dizer mais algum.
Vou o que sou não sou e não dou, não é mais nada, nada de nada.

Ora, acabou.

Não se diz mais o que fazer a seguir.

Acabou.

Somos os passos que se dão a seguir.

Acabou, a indecisão acabou.

E agora não há mais nada a seguir.

Acabou.

Talvez...

quarta-feira, julho 30, 2008

Andamos sempre depressa.

Andamos sempre depressa e não nos esquecemos nunca que andar depressa desfaz a parte que mais nos interessa manter.
Se calhar não é essa mesmo que queremos que seja para sempre útil e fácil mas pretendemos crescer na vontade de conseguir o prazer e liberdade total.
Não o fazemos em nós.
Matamos coisas por serem coisas, destruímos a inutilidade de ser isto só para ser aquilo.
Consumimos todas as substâncias e mais algumas, todas com a ambição de nos fazerem sentir melhor.
Do que precisamos para sermos mais ninguém sabe,
nem a malograda ciência nos dá a resposta ao que queremos saber.

Desculpa todas as vezes que não vi.

Somos nós que vamos em frente. Os que ficam.

sábado, julho 26, 2008

Razão.

Dá-se por demais contente o encanto da outrora vindoura consciência,
não se desliga a casa do vizinho pois esta parece sempre relutante em nos abrir a porta.
QUantos são hoje? Contar os dias de quem me recebe por encanto mágico
é tarefa que deixa qualquer um exausto de tanto querer ver o real que se deixa.

"Vens hoje? Para ver os carros a correr para lado nenhum, deixamo-nos ao desafio de apagar as luzes, que dizes?"

Não se fazem mais lembranças sem a visão de se querer ter o deslumbre,
esquecem-se as entranhas profundas que revoltam o estômago por tão bom se querer intenso.

"Não quero, não vou."

Por demais é demais o demais de se ter demais.
Nunca é o que nunca foi e desliga-se a memória.

Quantos serões mais em breve retorno de tudo que passaste,
os tiques da lembrança moem e moer não é bom.

terça-feira, julho 22, 2008

sexta-feira, julho 18, 2008

Fazer e ocultar.

São várias as formas que se podem dar a algo que queiramos deixar,
não se escrevem oportunidades nas paredes da vontade,
só coisas prosáticas de um outro encanto enfático.

Não sejam de tudo o que foi o vazio que se teve,
dessa tragédia grega e querida para ser sejamos tudo o resto
e deixaremos que tudo jorre, pois daí vem a vontade de mais.

Que mal há em dizer que não se quer?
Que coisas se farão dentro da canção que logo acaba?
30 primaveras para tudo acabar?
O que tem o número 30?
Quando faremos nós desta vontade uma vontade própria?

quinta-feira, junho 19, 2008

Recrimino-me determinantemente.

São os dias de odores estranhos e indecências no quarto de hóspedes
as farsas querem-se hoje, sem mais demoras,
apenas para se adorarem umas às outras.
Os vinténs mantêm-se no seu sítio, longe do olhar dos pobres,
e são as esmolas que damos aos que gostamos.
Não me digas que agora também não está bem? Não me digas.
Mas insiste-se sempre em dizer.
Grandes bocas, tristes feridas que se cortam para as tesouras se usarem.

Abrir a cabeça em três sítios só com o químico que se faz,
sozinho? Nem pensar, as crenças desmoronam-se.

Não hei-de viver se alccolizado me mantiverem na estrada,
não hei-de sair do carro, não hei-de sair da mesa do café.
Não posso pagar nada, nem sequer o tabaco
mas a mim querem-me sempre de pé, pronto.

Hoje não vou, quero que tudo isso se passe ao inferno relativo.
Amanhã logo se vê mas hoje não quero,
o problema é que amanhã vai doer, mas eu hoje não quero.
Que se passe a recriminação ao raio que a parta.

segunda-feira, maio 12, 2008

Reclusão.

Vão centenas de espécies queixar-se ao director
pois este trata tudo de maneira diferente.
Uns fecham-se outros não,
uns castigam-se outros não.

Da injustiça da liberdade dá-se a prisão.

terça-feira, maio 06, 2008

Não há coisa nenhuma.

Não há coisa nenhuma que nos possa fazer mais felizes do que o que somos,
porque coisa nenhuma nos tira a transparência do que damos e queremos.
Seremos nós, portanto, desde a nossa mais interna natureza apenas aquilo que somos.

Não me deixo por isto ou aquilo naquilo que vou e fui para ser,
não te desligo a tomada quando queres porque se não me vês é de necessidade que me fico.
Não quero absolutamente nada, nada de nada.
Não quero coisa nenhuma que se queira assim só por querer, por ir e só gemer
por não ter.
Não me deixes ser porque eu o sou, estranho neste mundo de miséria humana que se deixa triste na pobreza mundana do mundo sarcástico.
Não quero ser um nem dois nem três nem quatro,
tomar as decisões por mim, chorar por mim, focar triste por mim,
e o terceiro, que não é o segundo de nós, deixa-se ir,
porque não interessa, só interessa mudar um, mais nenhum.
Não há propósito na tristeza de ser
não há um propósito.

terça-feira, abril 29, 2008

Demência.

Não há cura para a sanidade que temos que ter todos os dias,
desculpa mas não há,
vai à merda mas não há!

Aquele cenário das cenas bonitas encenadas no espelho do meu olhar,
sim, apenas do meu olhar, não o vejo com outros olhos.

Não é agora altura de passar e passar ao lado de dar, lá.
Posso desmontar cada coisa que aches, cada uma delas e ainda assim sair a ganhar,
mesmo quando perco,
não deixo de ganhar quando perco.

Reluz a relutância de requerer passividade mental e, nunca.

Isto um dia vai-te calar, vai, vai.

Quando outrora me julgava leve e forte, capaz de recortes de tiradas de sonho,
me desmonta a mesa do entrave e me apresenta a tristeza do fado que se conhece.
Mas não, isto no que retém, esmorece.

segunda-feira, abril 14, 2008

Não, não não.

Sim, vou.
Só quero saber daquilo que me faz feliz.
Sim, vou.
Não me digas que não.
Sim, é isso mesmo que eu quero.
Já deitaste tudo a perder,
desculpa, fui eu.
Mas se já o fiz uma vez quero ter a oportunidade
de o fazer de novo.
Não julgues que me hei-de cansar
porque eu vou, lá ter.

Não me lembro se alguma vez fizeste com que
eu mostrasse o melhor de mim
mas tu parecias mais bonita que nunca
que pensamento egoísta preciso eu mais?

Eu hei-de ir, não, desculpa
a resposta é,
sim vou.

domingo, abril 13, 2008

Olha.

Afinal gostava de saber mais acerca daquilo que nunca tivemos,
viver num passado qualquer de torção doentia.

Olha, afinal até queria saber mais sobre aquilo que demos,
se não deste coisa nenhuma eu só daria, apatia.

Mas afinal vens ou não?
Não havemos de querer ser nem doutores nem engenheiros nem advogados,
que raio de gente há neste mundo afinal?

Olha, não me deixes a falar sozinho
nem me perguntes nada,
não quero falar agora
nem outrora houve nada
só quero ir embora daqui,
construir um pouco do que dei de ti
a outras
sem nenhuma paixão
sem nenhuma intenção
não culpando o que fiz por não ter feito
porque tudo direito
só no mausoléu
do céu.

quarta-feira, abril 09, 2008

A noção de alguma coisa é como a noção de nada.

Há em si a confusão implícita de não saber exactamente quantos tem.
Há já em si a confusão que não quer ser vista como tal.
ALgo se adiciona à mente e ao corpo,
trocam-se as variáveis e ouve-se estranhezas muitas de tudo.
Não há uma variável sequer que seja considerada
porque não interessa,
nunca se sabe do que se fala porque quer-se fugir a tudo,
não há sequer uma vontade de entendimento voluntária.

domingo, março 16, 2008

Celebração da opressão própria.

Outra coisa mais será outra que se tem no peito.
Não quero chuva no encanto de delicadeza parva
ou simples cratos que se empilham na minha casta.
Não sou requintado de entranhas que se deixam
nem subtil na mensagem que se faz passar
desligo tudo para que possa ouvir a noite
mas o tempo que passa não me ajuda a passar.

Complicada é a hora em que se faz a lembrança
o presente da esperança que se deixa para trás.
Quantas vezes me disse eu a mim que não era assim
que não era disto que eu vivia em mim?

A pele toca-se quando se quer tocar
mas quando não te deixas sentir
não passa para além do humor de amar.

Não, não digo isto quando quero e vem
só quando se tem qualquer coisa mais que se deixa partida
a partida é
a partida foi
não se abandonou
não se deixou
e isso é pior que tudo
pior que querer deixar de amar
pior que odiar
é deixar ficar tudo ao abrigo do que é meu.

Não se escrevem palavras
não se dizem lembranças
constroem-se mudanças.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Sombras de encanto.

Recatado deslumbre da aurora que conheço,
o espaço é cada vez maior e mais escasso
nesta penumbra querida pelo vaivém.
Não sou o herói de outrora
sapo maltrapilho do que se fez num encanto desconhecido
sou simples e mau
estou estragado.
Falar de mim, a única coisa que interessa que nunca interessou coisa nenhuma.
Recatado de despojos baratos em casa de fatos pratos.
Não quero comer hoje amanhã não vou dormir
porque a minha vida é de mentir
e não a ti, nunca a ti nem a ti nem a ti,
a mim próprio,
que maravilha estranha a de mentir a mim próprio
manipulado de escassos rostos de contra senso,
não me aguento neste espaço
este espaço é meu
e lá vou querer mais uma qualquer coisa nova.
Afogue-me naquele pranto que se deixa de querer quando conforta
e parte-se direitinho à porta do mal a saber
um dois três quatro cinco seis sete dores aqui e ali
oito e nove comprimidos aqui e ali
não às drogas só às permitidas para bem da minha sanidade mental
não porque não as queiras, sempre as quis e fiz
mas agora tenho medo delas

o que me tornei neste buraco?
onde fui sem saber sequer o que sou?

terça-feira, janeiro 22, 2008

Doze, o número do azar.

Repara como é bom o passeio pela contente presença,
como é bom seres tu só, sem mais ninguém,
e pavoneares-te naquele jardim que te faz sentir absurdamente feliz,
vê como é tão bom o teu centro do universo permanecer intocável,
é realmente bom.
E interequacionar a lembrança com tudo de perfeito que fizeste,
querer mais perfeito que isso e a exigência do outro dia melhor,
repara, vê bem!
Não é possível falhares mais para que não se quebre, não mais é possível.

Desligas a luz mais um dia
mas é preferivel que a luz vá ficando acesa, não vá o brilhantismo falhar.
Dá-te aquela parte de ti que tanto gostas e que te faz sentir mesmo grande,
sim, só mais um argumento para poderes rasurar outro do teu mapa de problemática.
Ah, como é tão consensual, como é tão bom e confortável.

Ter azar.
Discutir.
Dialogar.
Resta o corpo das chamas que se arranjam no quente do outrora bom.

sábado, janeiro 12, 2008

Ainda agora respirava bem.

É aquela coisa, aquela transição, aquela passagem fulgorante no espaço aberto em que me fiz alguém diferente.
Quis ser um e outro a seguir ao mais fácil dos momentos,
foi fácil mas escrupulosamente destrutivo.
Estou bastante elucidativo,
não quero cabeças a rebolar à minha frente,
não quero ser capaz de o fazer.
Matar é a mais fácil das artes mas a que dói mais no âmago
de ser alguém.
Eu não sou ninguém,
não me desenho outra vez na folha branca
porque eu sou a folha branca.
Não me queres por ser eu, queres-me por ser.

Eles foram todos embora, eu fiquei sozinho outra vez,
como dói ficar de peito aberto ao frio às 6 da manhã.
Tenho medo mãe, tenho medo,
pena que não possamos falar disso,
jamais entenderias porque é difícil fumar cigarro atrás de cigarro só porque te alivia,
não me deixes ficar assim
mas eu hei-de conseguir, a vida é isto, conseguir suportar a maior dor que conseguires,
depois, eventualmente, fica tudo bem!

Sou homem dentro de mim.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Já há quem diga.

Houve quem dissesse que noutra altura era diferente,
noutra altura havia uma outra convicção de outras memórias.
Os retratos são agora digitais,
as esperanças factos ilegais,
não fumes nem bebas,
a tua quantidade de lembrança é medida ao quinhão.

Somos ratos de laboratório,
experiência acumuladas de rastos ilusórios,
temos a mania do Outono
porque o Inverno do que há-de vir já é frio demais para o que fazemos.

Não somos donos de nada, nem do nosso pensamento
doutores controlam essas doenças de escravos do livramento.
Não queremos mais ser mais o que mais se dá a mais,
não somos nem fomos nem seremos
e a maior tarefa que teremos é a de ser pais,
sabiamente me foi transmitido
à medida de que o Jack acentava na goela.