sábado, dezembro 30, 2006

Guturais de lembranças doentes.

A minha voz já não é o que era
os ouvidos não ouvem como outrora
talvez seja fruto deste desgaste momentâneo de passagens que programamos.
A vida tem um travo amargo de quando em vez
faz-se fácil depois difícil depois corta-nos tudo que uma vez julgamos ter,
logo de seguida dá-nos tudo de novo.
Espaços e mais espaços, relembramos a toda a hora para nos mexermos
para falarmos, para entendermos essas lembranças.
Sem a memória não conseguiamos fazer nada não é verdade?

Espaço espaço espaço, tenho qualquer coisa no estômago
entra-me forte passa fraco e quero tudo como quem não quer nada
quero ver só mais outro sorriso de me lembrar duas vezes.
Não me quero lembrar.
Olha a obtusidade, não?
Nunca gostei de matemática, talvez só de informática
em questões práticas de telemática.
Cinética, movimento, deu-me para as ciências hoje, não são mais que poesia, doentia, poesia.

Sou, agora vou.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Passagem debaixo do circuito.

Gosto de pensar que estamos num circuito definido e tenho medo
tenho medo que seja mesmo verdade
que existam estes circuitos destinados
de viver preso em junções presas e desligadas
de tudo e mais alguma coisa que sempre fará sentido.

O gajo falou, parou mesmo ao meu lado e falou:
"sabes o caminho para o s. joão de deus?"
acho que me queria roubar
não sei porque não o fez
eu vi tudo, montei o destino invariavelmente naquele cenário
as personagens tinham força,
a situação um motivo
tudo estava perfeito
a equipa de filmagem foi-se
os actores tiveram brancas e não sabiam o argumento
acho que foi por isso que o destino se desviou.

É, anda-me a perturbar esta coisa do que está ou não marcado
anda-me a perturbar a telenovela
é, mal geral, país geral.
E dizer mal uns dos outros?
e renovar votos de tudo?
e acreditar na vida?
e acreditar?
e acreditar?

Sou áspero e incisivo.

Uma das pessoas mais poéticas que algum dia vi disse,
por entre o que balbuciava por estar completamente ébrio:

"Deixem-nos fumar, deixem-nos beber, nós só queremos ser felizes"

sábado, dezembro 16, 2006

As cartas que perderam.

Tomei uma posição, hoje vou deixar de falar para falar mais. As coisas que deixei à porta, as coisas que deixei lá, deixei. Hoje vou deixar de falar. Amo-te, quero-te, sou, és. Hoje vou deixar de falar. Vou deixar de ter jeito para dizer as coisas certas, vou deixar sair as vozes que estão sempre a falar dentro da minha cabeça. Hoje vou deixar de falar. Tópicos permanentes de lembranças que fluentemente falam entre si. As noites em que não se dorme só por falar e as outras que se fica acordado por não falar. Vou deixar de falar.

Irónico é que tudo que quero dizer mo permite quando falo. Tudo que quero dizer me permite quando falo. E cala-te.

Eu deixei ficar, lá atrás, tudo. Não importa, deixei e trouxe na mesma tudo comigo.
Mas hoje vou deixar de falar porque te quero escrever.
Veja-se, lá vem lá vem.

sábado, dezembro 09, 2006

Vagueando pelas estradas que se descobrem.

Os dias passaram e passam e continuam a passar
a vida deixa-se dizer-nos que nos dói e que se fica por cá até se querer
as condicionantes são evidentes,
pressionar e pressionar não serve só para inteagir ao interface
existe mais.
Existe uma profundidade qualquer em ver e destroçar cada parte de nós
existe uma profundidade qualquer em intruir a cabeça com mais do que não se tem.
E eles?
Eles que aqui andam connosco e que também pensam?
E eles que aqui ficam e nos acodem e nos dão tudo aquilo que precisamos?
Somos aquilo que somos por causa deles?
Eles são aquilo que são por nossa causa?
É talvez a maior maravilha do mundo o ser humano
aquele que destrói no desespero de não saber o que fazer
aquele que mata e compõe na ambiguidade de se ver maior e melhor
os sentimentos maus?
Quais? Quem disse que eram maus? Quem os classifica?
É uma ligação de factos obscuros aquelas coisas negativas que se pintam.
As pessoas, sim as pessoas, podemos um dia acreditar nas pessoas
acreditando em contratos que nos dão certezas.
Foda-se, contratos.

A sociedade corrompeu a pureza da mais pura beleza mas deu-nos a capacidade de sermos piores e melhores.
resolva-se esta questão, faça-se as regras de não haver regras e pense-se neste contransenso.
Acreditas em Deus? Ou em alguma religião?
É simples, é a forma mais simples.
Que debate temos nós interiormente quando nos sentimos vazios?
Quando a pessoa onde centramos tudo aquilo que queríamos se vai
por nós, por ela, se vai para não doer mais, para que não haja uma qualquer regra que nos impeça de ser
ir ir para além, para lá de tudo
ir calcar a nossa cabeça e viajar dentro dos nossos mais íntimos e desligados pensamentos
cada pecinha desligada e permitida a saltar.

NAO!

É UMA ESTUPIDEZ, REBENTAR! NÃO QUERO ESTOUROS DE ILUSÕES OPTIMIZADAS A UM QUALQUER PROCESSADOR!

Deixo-me à relutância, porque ver e sentir é como correr por entre coisas que não se sentem e entender-se que fomos amados e odiados em alguma altura, sentir que magoamos e fomos magoados em alguma altura, quando o coração dispara e pensamos que devemos recorrer à alterações dos sentidos. Podia escrever para atenuar a dor ou aumentar o prazer mas digo para me expôr ao que quero dizer. Vou-me foder.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Traços de ligação.

É de lembranças? de esperanças?
Viver obcecado por tudo e mais alguma coisa que já foi.
Sempre sempre são as concepções do geral
não gosto das frases feitas
mas a verdade é que não ficam nada mal.

Ora, recapitulando.
Nervos, à flôr da pele
lembranças
coração...
O campo magnético detectado é maior.
Não, é, perceber.
Fiquei farto rápido de tudo e mais
e quando é que sais?
Podíamos ir beber um copo.

Hoje fiquei bêbado, amanha digo o que quiser
e quantas coisas vou saber?
Quantas mais?
Não importa desde que vá e viva e sinta e chega.