quinta-feira, julho 28, 2011

Olha em frente.

Ouviste?
Olha em frente.
Não há nada mais que eu possa dizer senão que olhes em frente.
Toda a gente se há-de desfazer em explicações
mas tu, olha em frente.
Há milhares a serem felizes
só tens que olhar em frente.

Não há uma única coisa que te faça infeliz se olhares
e pensares e perderes a noção do que queres
ao olhares em frente.
Mentes por olhar em frente
queres por olhar em frente
e não há nada que te diga não
e há tudo para te deitar ao chão
mas olha em frente.

Que desperdício, quem caíu.

segunda-feira, julho 18, 2011

Se calhar já não.

Já não adoro o que gostava tanto
e perder o tanto é mais que muito.
Já não quero o que queria tanto
e na vertigem de me desiludir não fica o resto.
Já não escrevo o que escrevia tanto
o que me rebenta é mais do que o que começa
e ter a vida toda para o que vai
é mais do que fica ao que vem.

Tenho tudo por não subir
e voltar atrás perder e ir
nada se perde quando não há razão
se é de todos é só o que são

Milagres pequenos
vidas estreitas
o mundo avesso
e as estradas nunca foram direitas
posso nunca mais e o que é é só demais
não quero pontuação
o que é meu é teu e não.

quarta-feira, julho 13, 2011

Vá lá.

Ainda que não sejamos parte uns dos outros
somos parte uns dos outros
e se não nos interessa
não tem que interessar de qualquer maneira

Se tenho dois olhos e boca e nariz
posso ser tudo o que ela quis
ou não ser nada
a relatividade é tramada

E o que me prende a respiração
me faz andar torto
de balcão em balcão
é outra coisa
perdidas rotundas deixadas ao ar
termos difíceis só para decorar
e lá vamos
um dia atrás do outro
a rir e rir e mais.

Vá lá.
Somos todos.
Vá lá.
Vamos todos.

domingo, julho 10, 2011

Ridículo.

É ridículo que me ames da forma que não se faz
ridículo que os amem por tudo aquilo que vem atrás
eles querem outra coisa: desejo, poder, da ambição
e perderem-se no credo é perdido de razão.

É mais fácil outro atrás
dar-se no prédio do motivo
dinheiro perde fácil ao que dás
eu sou sozinho, sem abrigo.

De quadra em quadra a lutar
escrever partidos sem parar
heis que tudo há-de acabar
para um pensinho começar.

Vai-se atrás ao que se deu
perde-se o mais que não sou eu
e ela que dança sem parar
oh motivos a convidar

Não me prendas que não sei
não te dês que não creis
e agora para o de tudo
vem a parte do entrudo

Carnaval para acabar
motivação e deslumbrar
e o sentido de prometer
é pensado para não querer

Um dois e mais
a vontade dos teus pais
para sempre nos jornais
vontade é feita, sempre a mais.

Escrever para cantar
cantar o céu e afagar
um beijo, só um para acabar
ir embora é começar.

sábado, julho 09, 2011

As caras bonitas.

De noite ou de dia deslumbre que é mais
uma cara bonita perde a riqueza dos casais
é um jogo a certeza, acaba a música e enfim
está na nossa natureza
ver televisão e assim.
E de dia num concerto
exibe-te grosso
põe a mão no sítio certo
vais ver que logo tudo acaba
para mais depressa começar.
Eu não sou magro forte cedo norte
queria ouvir algumas histórias
daquelas de encantar
e se me agarrasse pele pescoço
e me quisesse para partir
talvez o parto fosse o esboço
de começar a sorrir.
Temos sede da vontade
vontade de mais poder
é simples e toda a gente sabe
mas é preferível continuar a correr.

terça-feira, julho 05, 2011

Podia saber.

A inutilidade do ser podia saber
que não é aqui que se fica a querer.
Não se deseja, porque desejar é forte
querer é mais importante que a morte.
Migalhas dos restos miúdos que ficam
e parte do simples é tirar os que mentem
e mintam-se as partes que se querem para lá
escolher as palavras é moda que não se me dá
Arcaico poveiro, querente ralé
deixa-se o dinheiro, vou-me embora a pé
se o copo deixar ainda faço uma amiga
deixem-me lá ficar, é só um pouco de comida.

E ele diz e ele quer e ele vai e ele vem
e ela parte e ele fica e ao que sabem é mais ninguém
e o amor que nunca acaba acaba sempre por acabar
e eu tenho uma bisnaga e talvez tenha que a usar.