sábado, setembro 29, 2007

Diz-me do que são feitas as coisas.

Eu posso escrever hoje,
perguntar-te quantos são os que vieram depois de mim,
quantos deles te fizeram sentir mais do que eu te fiz sentir,
tentar saber quais são as coisas que ainda hoje te fazem pensar,
quais os desejos que ainda te fazem querer voltar.
Mas de nada adianta, não adianta recortar as ilusões para a construção esquemática do futuro,
para a ilusão colectiva dos desejos que foram, não dos que são.
Se nos partirmos em 20 bocados e depois nos quisermos noutro sitio
deixamos que se torne mais dificil a nossa reafirmação de nós.
Pleonásticamente falando desejo-me mais do que te desejo a ti.
Objectivamente falando sou egoísta e queixo-me disso.
Não me canso de me rever no espelho trinta vezes sem acreditar que não sou o que queria, mas sim o que quero.
Não fará mais sentido desejar-te se não vieres, mas eu ainda hei-de esperar alguém.
Não estou a falar nem de ti nem de ti, nem de ninguém que me consiga ler,
porque se um dia me conseguires ler eu hei-de ser tudo menos isso.

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